quinta-feira, abril 03, 2014

Na metade do caminho

A estação de comboio de Braga presenciou no último fim-de-semana de Março um ir e vir de raparigas e rapazes. Não é algo assim tão esquisito se temos em conta que Braga é uma das cidades portuguesas com uma população jovem mais numerosa. Mas não eram jovens bracarenses. Também não eram estudantes das universidades bracarenses. Éramos nós, jovens vindos dos mais variados recantos da Europa. Com a mochila às costas e após uma viagem mais ou menos comprida, acudimos à chamado da Agência Nacional para a Gestão do Programa Juventude em Ação para participarmos na formação intermédia do nosso projeto Serviço Voluntário Europeu. Foi pois com o objectivo de fazer um parênteses para pensarmos no projecto que chegámos ao norte. Como em conjunto sempre se pensa melhor, o fim-de-semana prometia uma boa dose de reflexão e partilha. E a promessa cumpriu-se.

É se calhar por causa da rotina das nossas tarefas e pela nossa vontade de aproveitar ao máximo o nosso tempo que muitas vezes nós voluntários não paramos e refletimos sobre o nosso próprio percurso ao longo do projeto. Por isso, a formação logo se tornou um espaço para a troca e a partilha de experiências, para a aprendizagem sobre a nossa trajetória até o presente e sobretudo, face ao futuro. Esse futuro mais ou menos próximo sobre o qual já todas e todos estamos inevitavelmente a matutar mas que, também inevitavelmente, ainda depende de como soubermos gerir o nosso presente. Para cada voluntário a experiência é diferente: as motivações e a forma de encarar as dificuldades não são as mesmas, mas é gratificante sabermos que cada experiência pode também contribuir para construir e completar as outras experiências, em uma espécie de terapia de grupo na procura de um benefício recíproco. O rol dos dinamizadores que nos acompanharam neste processo foi o de oferecer as ferramentas necessárias para que fôssemos nós a descobrir, a partilhar, e talvez mesmo a mudar a nossa própria perspetiva sobre as coisas.

A ninguém pôde deixar indiferente uma estadia de vários meses noutro país, com as coisas boas e menos boas que isso implica, e com o desafio que supõe transformar todas essas coisas em algo que nos ajude a crescer e a avançar. Parece fácil, mas não é tanto assim. É um processo lento, que requer tempo, paciência e consciência. E é um caminho que se pode percorrer sozinho mas que também procura o apoio e suporte de outros que como nós, estão a caminhar em uma direção que ainda não sabem se é a certa. Só o tempo é que nos fará saber, mas é importante esforçarmo-nos no auto(re)conhecimento e autoavaliação do nosso papel como voluntários. O nosso projeto, afinal, somos nós. E tudo, o bom e o mau, é uma questão de focagem que a formação contribui a orientar.

Mas para além da profunda reflexão que a formação propõe, também há espaço para as relações sociais e as brincadeiras, para as conversações atraves das quais surgem novas amizades e com elas, planos para futuras viagens, futuras visitas, futuras festas, futuros jantares, confissões sobre namoros presentes e passados, sobre amigos, amigos coloridos e mesmo outros já descoloridos com o passo do tempo. Isto sim, também faz parte do Serviço Voluntário Europeu.



Assim, como os balões que todos juntos libertámos para comemorar o Dia Nacional da Juventude voam também já no céu de Portugal os nossos sonhos, desejos e  planos para o futuro que começa aqui .




@ arrotante do momento!:
ELENA Dizem os que a conhecem que a Elena é obcecada e inquieta, mas também entusiasta e perfeccionista. Ela, que também se conhece um bocadinho, diz que é, sobretudo, curiosa. É por isso que gosta de espreitar, de escrever, de experimentar. É por isso que adora cinema, leitura, viagens. E, se calhar, é também por isso que é voluntária, porque há poucas maneiras melhores para descobrir e pôr-se a prova do que isso.

Sem comentários: