sexta-feira, dezembro 19, 2014

Bruxelas - o centro da Europa?

Ir a Bruxelas, mesmo ao centro, traz-nos uma pluralidade de sons e idiomas que nos lembra a posição privilegiada de uma cidade habituada ao corropio constante de cidadãos de um todo o mundo. Os rumores da cidade trazem-se pela força das economias de escala, e o atractivo gerado pelas sedes das instituições europeias não passa despercebido a quem lá passa. Entrar no edifício do Parlamento Europeu e denotar expressões e fisionomias que facilmente (com alguma margem de erro) identificamos como provenientes de outras partes da Europa, reconhecer num sorriso de um estranho a hospitalidade típica de quem está habituado a receber ou entrar num edifício que se espera (e que claramente o é) multicultural e sermos recebidos inesperadamente por uma comitiva portuguesa dá um novo alento a esta análise e reforça a imagem e o protótipo que o sonho europeu pretende: fazer-nos sentir que a Europa é de todos, e que principalmente, é nossa também e a nós cabe preservar e governar. Mas será que isto é suficiente para tornar Bruxelas o centro da Europa?

Agora que já têm a nossa atenção, que tal dividirmos o tópico em duas partes diferentes e analisar a questão sob óticas diferenciadas?

1 - Geografia: Começando pelo país onde se insere, a Bélgica é sobranceira a França, Luxemburgo, Alemanha e Holanda. Com uma posição bastante centralizada, nada impedirá um crítico de dizer que talvez não seja o suficiente atendendo aos mais de 4 milhões de km² que compõem o espaço ocupado pela UE e os mais de 503 milhões de cidadãos que a completam. Integrar o desenvolvimento de serviços em prol da UE não implica meramente uma escolha de local aleatória, associada a processos logísticos, de mobilidade e de rápido acesso a recursos. Mas a localização da grande maioria dos organismos comunitários está definida há muito, e se analisarmos a conhecida Europa dos Seis (França, Bélgica, Itália, Países Baixos, Luxemburgo e Alemanha) que compunha a Comunidade do Carvão e do Aço em 1951, a Bélgica era de facto o centro de muitas tomadas de decisão. Ainda que na atualidade parte dos mecanismos comunitários se localizem em mais de um país - Luxemburgo, Frankfurt, Bruxelas, Estrasburgo (e no caso do Parlamento Europeu a presença de ações de trabalho seja tanto frequente em Estrasburgo como em Bruxelas) - Bruxelas é a cidade chave de associação ao projeto europeu, o que também se justifica pela concentração das sedes dos organismos comunitários. Mas será que numa Europa de tão extensa dimensão e num sonho de futuro coletivo já composto por 28 países ainda fará sentido esta localização dita central? A resposta não é de facto unânime mas os interesses e potenciais socioeconómicos de uma mudança não seriam certamente aceites por todos. E sem resposta unânime, não há alterações de tratados.

2 - Construção ideológica: Apesar de contabilizar já 64 anos (e uns bons ciclos de três gerações de novos cidadãos que cresceram segundo várias fases do projeto - dando uma visão diferenciada não só como base cronológica mas também de visão interna e externa ao processo), a ideia da Europa unificada ainda não é comummente aceite, tanto por intervenientes dos seus Estados-membros, como por acirrados críticos. Talvez os ideais e princípios inicialmente previstos não tenham sabido ir em diante ou a visão de quem procurava um certo determinismo utópico foi dilacerada por imposições mais realistas, mas o facto é que é impossível evitar ouvir referir propostas de referendo para uma saída da UE de alteração das estruturas de dependência (e aqui lembrem-se novamente do Tratado de Lisboa) e notar um certo crescimento de grupos eurocépticos. Mas em última instância, as vantagens de um Mercado Único e de uma libertação de barreiras continua a trazer mais vantagens do que desafios e a capacidade de tanto trabalharmos na Dinamarca como na Hungria relembra-nos que no fim de contas, se calhar a idealização não está errada mas sim alguns dos processos da sua condução (e este seria certamente um assunto para um novo artigo).

Resposta: Mais uma vez, a resposta não poderia ser comum, e nem disso aqui se trata. Para jovens como nós, a Europa da UE abriu portas e modificou vidas. Estudámos em novos países e vimos a nossa qualificação quase sempre reconhecida, viajámos por recreio e busca de conhecimento, assim como de novas oportunidades de emprego, festejámos vitórias conjuntas e momentos de abertura, construímos um ideal que nos permite falar mais do que um idioma num país onde o mesmo não seja natural e recrear (à semelhança dos mundi) um mini mapa real. Hoje tanto temos amigos espalhados por todo o espaço europeu, que já vivenciaram pelo menos uma experiência intercultural, e viajar de mala às costas passou a ser apenas uma alternativa entre muitas. Chegar a uma capital cosmopolita faz-nos mais rapidamente sentir em casa do que num país exterior e a existência de uma série de programas (o Erasmus, o Juventude em Ação, hoje em dia o Erasmus +) continuam a abrir portas, a fazer-nos cidadãos mais informados, esclarecidos, completos e com fome do mundo. As fronteiras já não são o limite. Nós somos o nosso limite. E se Bruxelas for visto como uma das bases deste movimento instigador de descoberta onde residem as instituições que o tornam possível, então Bruxelas é um bocadinho o centro da Europa.


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Chama-se Rota Jovem e é a menina dos nosso olhos. Irreverente, divertida, solteira e com muitos amigos internacionais, a Rota gosta de viajar, aprender novas línguas, conhecer pessoas de diversas culturas e de gastronomia! Se lhe lançares um desafio ela segue-te! Mas prepara-te que não desiste facilmente. É sonhadora e está sempre pronta para novas aventuras!
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sexta-feira, dezembro 12, 2014

Entrevista - Marta Freitas Lopes - Missão em Angola


Marta Freitas Lopes, Benguela, Angola
Hoje trazemos uma entrevista a uma jovem, Marta Freitas Lopes, jornalista da TVI que realizou uma missão em Angola, pelos Leigos para o Desenvolvimento. Marta conta-nos como correu a sua experiência nesta missão. Como se sentiu, a reacção da família, o projeto que integrou, os seus medos e o que mudou na sua vida quando regressou a Portugal!

Um exemplo a seguir!

ENTREVISTA - Marta Freitas Lopes

RJ: Como surgiu esta vontade de fazer uma missão?

MFL: Sem eu estar à espera, na verdade! Um amigo que tinha estado em missão pelos Leigos para o Desenvolvimento incentivou-me a ir conhecer o movimento, dizia-me que tinha tudo a ver comigo; eu fui, por curiosidade e pouco a pouco fui sentindo esse apelo a partir eu também.

RJ: Que tipo de projetos integraste nesta missão? Quais as tuas funções? E em que país estiveste?

MFL: Estive em Angola, em Benguela e o meu projecto principal era a alfabetização de jovens e adultos em vários bairros da cidade. Por causa da guerra, houve muita gente a não poder ir à escola, principalmente mulheres e a instrução faz toda a diferença na vida de uma pessoa, capacita-a! Eu era coordenadora do projecto, quem dava as aulas eram locais, isto porque o objectivo dos Leigos não é nunca criar dependência mas sim envolver e ensinar para que um dia os projectos possam prosseguir sem nós. Tudo o que fazia servia de testemunho enquanto cristã, mas além disso tinha também um projecto de pastoral, de formação humana, com jovens da Casa do Gaiato.

RJ: Que tipo de preparação tiveste?

MFL: Bom, nos Leigos as missões são de um ano, pelo que há uma formação durante todo o ano anterior à partida sobre aquilo que nos é proposto, o que deve ser o voluntariado, como é viver em comunidade, que tipo de projectos podemos integrar… Passados largos meses, durante um retiro de silêncio e oração, porque o crescimento na fé faz parte da formação, tomamos a nossa decisão de partir ou não, sem saber para onde, com quem e para fazer o quê. Se a nossa resposta for sim iniciamos então uma formação mais específica consoante o país e o projecto que nos coube.

RJ: Como é que a tua família e amigos reagiram a esta tua decisão?

MFL: Principalmente para a minha família não foi fácil entender. Já estava a trabalhar na altura e despedi-me para ir em missão; houve quem me tentasse dissuadir mas também houve quem me encorajasse. De qualquer forma, a minha decisão foi muito ponderada e eu sentia que aquele era o momento para aceitar aquele desafio.

RJ: Como foi para ti viver em condições diferentes das da nossa realidade?

MFL: De uma liberdade imensa. Propunha-me a uma vida de simplicidade, sabia que iria viver apenas com o essencial e é incrível como nos basta muito menos do que achamos precisar cá. Claro que tinha saudades de algumas coisas, como um banho quente! As pessoas lá vivem com pouco mas não é isso que é preciso mudar; o que lhes faz falta é um bom acesso à saúde e à educação, isso é o que mais custa, ver que não têm ferramentas para ter uma vida melhor, para usar as suas capacidades.

RJ: Do que é que te recordas desta experiência?

MFL: Da alegria natural das pessoas. Da sua generosidade e da forma acolhedora com que me receberam. De me deitar todos os dias exausta mas sentir que me gastava pelas razões certas. Das paisagens, do céu, dos cheiros, tudo tão intenso. De ter o coração cheio tantas vezes.

RJ: Tiveste medo de algo?

MFL: Na primeira noite, ainda em Luanda, senti-me muito indefesa, tive medo de não estar preparada para o que me esperava mas no dia a seguir, a caminho de Benguela, senti que estava a caminho de casa, ainda que não conhecesse nada ali. Houve também um episódio, na missa do galo, em que as pessoas se assustaram com um barulho e quando olhei para trás vinha uma multidão descontrolada a correr, tive que correr também para não ser atropelada, pensei que era um ataque qualquer, tive muito medo. Afinal não era nada, mas as pessoas têm o trauma da guerra… Partiu-se o menino Jesus e houve quem ficasse ligeiramente ferido, mas ainda acabámos todos na Igreja a rir de alívio.

RJ: Quando foste para esta missão qual era a tua situação profissional na altura? Influenciou a tua ida em missão?

MFL: Trabalhava na TVI e tentei negociar uma licença sem vencimento, mas como era nova – tinha 24 anos – e estava há pouco tempo na casa, isso não foi possível. Ainda assim, tive o apoio dos meus superiores para ir atrás deste sonho. Resolvi despedir-me por sentir que a ir em missão era naquela altura ou nunca, já que quantos mais anos de trabalho tivesse mais difícil seria tomar esta decisão.

RJ: O facto de seres licenciada ajudou na tua adaptação?

MFL: Uma das condições para se ir em missão através dos Leigos para o Desenvolvimento é ser-se licenciado, de forma a podermos partilhar o conhecimento específico da nossa área de formação nos países que nos esperam.

RJ: E quando regressaste sentiste que a tua reingressão no mercado de trabalho foi mais fácil?

MFL: No meu caso, acabei por recuperar o trabalho que tinha antes de partir. Como, apesar de me ter despedido, saí a bem e a TVI entendeu a minha motivação para sair, quando regressei de missão houve oportunidade de voltar e eu aceitei.

RJ: Como te sentiste depois de uma experiência desta dimensão? O que mudou em ti?

MFL: Senti que fiz parte de um trabalho a muitas mãos e no qual acreditei e continuo a acreditar – os Leigos são uma ONGD (Organização Não-Governamental de Cooperação para o Desenvolvimento) com 28 anos de história, por isso muitos voluntários passaram já por onde eu estive e outros hão-de seguir-se. Os projectos têm continuidade e assim a contribuição de cada um faz mais sentido. Depois, descobri que somos capazes de muito mais do que pensamos ser e esta é uma aprendizagem para a vida.

RJ: Recomendas este tipo de missão aos jovens? Que conselhos darias?

MFL: Claro que sim. Aconselho a abrirem-se às possibilidades que a vida vos apresenta ou a irem à procura delas, a seguir o vosso coração e a arriscar. É muito bom comprometermo-nos com um ideal e passar à acção. E recomendo também que desenvolvam a vossa capacidade de adaptação, ser-vos-á útil para tudo.

RJ: Estás ligada a algum tipo de associativismo?

MFL: Continuo ligada aos Leigos mas costumo dizer que o mais difícil até não é fazer o que fiz mas integrar o voluntariado na nossa vida de todos os dias, entre o trabalho, a família… Talvez seja essa a minha próxima missão!

RJ: Marta, muito obrigada por esta entrevista e muito sucesso para a tua vida!

MFL: Obrigada eu e que a vossa rota continue a mostrar caminho!

Agradecemos à Marta a sua disponibilidade para a realização desta entrevista! Esperamos que tenha sido uma inspiração para todos!

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Chama-se Isaura, mas todos a tratam por Isa. Muito curiosa, sonhadora e calma…é o que dizem! É apaixonada por livros, bibliotecas, séries de tv, viagens e por voluntariado. Qualquer dia escreve um livro e planta um árvore! Acredita no amor e na justiça. Cada dia é uma nova oportunidade para aproveitar a vida ao máximo e conhecer o mundo!
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quarta-feira, dezembro 10, 2014

Simon: "My EVS project is the answer for something"

Rocío didn't arrive alone to Portugal. Simon is going to be her colleague during the eight-months EVS adventure that is starting for them. And, of course, we wanted to speak also with him to know a bit more about how he became a volunteer and what he expects from the experience. Are you curious? Then just keep reading!

- Tell us a bit about you.
My name is Simon, I am 26 years old and I come from France. I have lived the last two years in Paris but actually I am from Amiens, in the North. I started to study Geography and then Psicology but I didn't like it, so I started to work in a travel company as a barman. After that I went back to college to study Law and Politic Sciences. I like the Administration Law and the International Public Law because it is interesting to know how our governments have to act in order to take decisions affecting all of us in different scales. That gives to me a bit of legitimacy to not believe in the system and see things in a different way.

- Why are you in Portugal?
I am here to do my EVS. I am going to work with children and teenagers in a small town called Cabeça Gorda. I chose this project because I really wanted to work with children, and I had the chance to choose between doing it here or in Greece. As the work language in the Greek project was supposed to be English, I chose this one to learn a new language. I didn't want to do administrative work right now, so I was looking for this kind of project.

- What are your motivations for the project? And your expectations?
My main motivation is to become a better person. I had the feeling that I needed to move from France and the project was the answer for something, but I still need to discover for what. I want to change my mind, change everything and discover new things. I am really motivated but actually I don't know exactly why. I am the kind of person who doesn't think too much before being in a new situation. I expect to speak good Portuguese in eight months, to meet new people and to be able to go until the end of the project, because I have the feeling that it is important for me.

- Do you have any previous experience as a volunteer?
Yes, I have already worked with children in an Parisian association as a volunteer. I helped them with their homework 3 or 4 hours per week and I stayed there for one year. It was my first experience working with kids, I liked them and I think that they also liked me.

- What is your first impression about Portugal and about Portuguese people?
In one month in Lisbon I have met very nice people. Portuguese are very respectful and girls are very pretty. I like history and Lisbon is a beautiful capital with a lot of history. Moreover, I am very happy with Rota's work with us and because I love my colleage, I am really glad because Rocío is here with me.

- What do you like to do in your free time?
I like reading books, watching drama series and now, also trying to speak Portuguese.




segunda-feira, dezembro 08, 2014

Rocío: "The EVS has a very important social dimension"

Rocío arrived to Portugal four weeks ago to start her EVS project in Cabeça Gorda, a small village in the heart of Alentejo region. She spent all the month with us to have a first contact with the Portuguese culture and we tried to get to know her a bit better. Here it is what she told us.

- Tell us a bit about you.
My name is Rocío and I am from Isla Cristina, in Huelva, Spain. I am 22 years old and I am a social worker. I love working with people and I think that everyone can contribute to the social welfare and struggle to overtake injustices, so being a social worker is my way to do it. I am an engaged person, I was part of the students association in my University to inform the students about the changes in the Spanish educational system and to encourage them to mobilise and participate in assemblies and demonstrations.

-Why are you in Portugal?
I am here to do my EVS project in Cabeça Gorda, in the Alentejo, during the next eight months. When I finished my studies in the University I had lots of doubts about my future and I started to look for alternatives. I got to know the EVS through a friend and it became a real option for me. I was searching during all the summer and when I found this project, I just loved it. I am going to work mainly with kids from 2 to 6 years old, organising extracurricular activities for them.

-What are your motivations and your expectations about the project?
My main motivation is the project itself, because it is related with my field. I am interested in all the social issues and I already have a previous experience working with youngsters between 12 and 18 years old, so this is a good chance to try to repeat the good experience that I lived. I can offer all my experience in the educative field and my fresh ideas to do nice things. I think that volunteering with kids should be cheerful and comforting because they are always happy and liven up the daily routine. And it is also positive for them to spend time with the volunteers because they can get used to the values of transnational cooperation and solidarity and approach to different cultures seeing the differences and the similarities between people from various origins. I trully believe that volunteering here is going to allow me to grow personally and professionally and learn a new language, so my aptitude is completely positive! The EVS has a social dimension which matches with my interests and aspirations. Moreover, I am very fortunate with my colleague Simon, we are going to be a great team.

-Do you have any previous experience as a volunteer?
Before coming here I was volunteering in two different projects: a social dining room and a dog's home. In the dining room you can see a lot of personal dramas and it is hard. I was there from August until now and we helped around 170 people per day. My work there was advise and guide people, and I decided to do it because I realized that it was really necessary. My work in the dog house was more sporadic to help feeding the animals and cleaning their space. I think that it is good to cooperate in this kind of iniciatives, now more than never.

- What do you like and what you don't like about Portugal?
There are many things that I like about Portugal! I love Lisbon, specially the architecture, with a lot of charming colourful buildings, and the gastronomy, which is great! I love the environment in the city, the melancholic but very lively aesthetic, the smell of sweets and chestnuts and the tramway. Portuguese people are very nice and much more polite and respectful than Spaniards, but also a bit more serious.

- What do you like to do in your free time?
When I have free time, I like reading. My favourite book is El rayo que no cesa, by Miguel Hernández and actually I love reading poetry thanks to him. I also like going out with my friends, watching movies (Edward Scissorhands, by Tim Burton, is my favourite one), running and travelling to discover new places. I also love animals, specially dogs, and music. My favourite song is Bellas, by Canteca de Macao, I strongly recommend it!




sexta-feira, novembro 21, 2014

3 motivos para visitar o Parlamento Europeu (e mais umas quantas observações)

Nos passados dias 29, 30 e 31 de Outubro de 2014, a Rota Jovem foi visitar o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e, claro, a própria cidade de Bruxelas. Enquanto participante nesta viagem, tenho a sublinhar alguns motivos pelos quais qualquer pessoa, de qualquer idade ou nacionalidade, deve visitar estas instituições, mas em específico visitar o Parlamento Europeu - o que é possível para o público em geral e não apenas para grupos convidados (como a Rota, ehehehe). Aqui vão eles!
 

1. Entrar em contacto directo com um dos centros da União Europeia, com o acompanhamento de guias que contribuem para uma visita detalhada acerca dos edifícios do Parlamento Europeu e a sua organização interna. Pelo que o nosso guia português nos contou, existe pelo menos um guia para cada língua para apresentar o Parlamento a grupos.

2. Conhecer a sala do hemiciclo, onde toda a "magia" acontece - ou assim costumávamos pensar. Graças à nossa visita ao Parlamento Europeu, descobrimos que, tal como as salas dos outros dois pólos do Parlamento (Luxemburgo e Estrasburgo), a sala do hemiciclo é apenas usada para formalidades, como votações. Afinal, a maioria do trabalho é realizado fora das reuniões, em grupos mais pequenos, sem todos os deputados terem de estar reunidos simultaneamente. Seja como for, a dimensão e grandiosidade de sala do hemiciclo deixou-me cheia de arrepios e um pouco emocionada, atrevo-me a dizer.

3. Visitar a cidade de Bruxelas no tempo livre - é certo que, pessoalmente, ainda não visitei muitas cidades fora de Portugal, mas tenho a dizer que Bruxelas é uma cidade linda, que combina um planeamento eficaz com uma beleza estética que nos deixou boquiabertos desde o início. Só não tem o sol de Lisboa e as temperaturas amenas de Portugal (principalmente à noite), mas tivemos sorte por só termos apanhado frio no primeiro dia, sendo que no segundo e no terceiro até conseguíamos andar apenas de t-shirt.
 
  
Além de termos visitado o Parlamento Europeu e o Parlamentarium (o museu extremamente moderno e interactivo acerca da União Europeia), também visitámos a Comissão Europeia. Apesar de não ter sido uma visita tão educativa quanto a do Parlamento, chegámos à conclusão de que há bastantes portugueses a trabalhar lá - quase toda a equipa de segurança à entrada da Comissão era portuguesa! Foi engraçado, mas ao mesmo tempo ligeiramente surreal, encontrar tantos portugueses longe de Portugal. Quase chegava a parecer que não tínhamos saído realmente do país.
Visitar o Parlamento Europeu foi uma experiência que me enriqueceu tanto pessoalmente, por ter entrado em contacto com outra cidade num país diferente, por ter conhecido novas pessoas e termos convivido num local desconhecido, como enquanto cidadã europeia, por ter discutido algumas ideias e colocado algumas questões acerca das instituições políticas da comunidade.




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@ arrotante do momento!:

A Beatriz ainda não chegou aos 20 anos e já trabalha em part-time em duas áreas diferentes, tem dois blogues, frequenta o 2º ano de uma licenciatura em Letras e ainda arranja tempo para todas as outras actividades culturais, literárias ou de lazer de que não prescinde, continuando a dormir sete horas e meia por noite. Tem uma agenda caótica, mas não conseguiria viver de outra maneira.
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quarta-feira, novembro 12, 2014

Saímos no Destak!

É já no mês que vem que começa o curso internacional "Human Rights: Defining, Empowering, Acting". Hoje estivemos em "destak", o que significa que este é um projeto que não quererás mesmo perder. Vais poder conhecer os participantes na Festa Intercultural que vai acontecer no espaço da Rota Jovem e trazer um pouco da hospitalidade portuguesa aos/ às recém-chegad@s! Entretanto, acompanha todas as novidades no site oficial do projeto: http://rotajovemhumanrights.weebly.com/

  


sexta-feira, novembro 07, 2014

Carimbo Internacional: Um arzinho da Estónia pelas mãos da Sara!

Estar num projeto internacional às vezes causa-nos emoções fortes, especialmente quando o projeto que escolhemos é tudo o que pensámos que seria e ainda mais! A Sara está na Estónia a trabalhar com crianças num infantário e está a adorar a experiência! Sigam as suas aventuras aqui:

"O dia-a-dia aqui mudou completamente, não propriamente na rotina, mas os dias ficaram bem mais curtos... Agora às 16h00 já é completamente noite! OohOoh! Não!!!! 
Mas nada que não seja de fácil adaptação! A minha linguagem por cá já está mais fluente, e já consigo incutir aos meus meninos o que eles podem ou não fazer, elogiá-los, entre outras coisas, mas claro que ainda não falo fluentemente! 
 
Esta experiência tem ensinado imenso ao meu ser, à minha parte humana, é realmente um privilégio poder estar com seres tão puros e honestos todos os dias, as crianças são deveras uma benção! Já tive inclusive oportunidade de realizar uma série de actividades com eles da minha autoria, e claro que sou assistente em todas as outras"


quinta-feira, novembro 06, 2014

Curso Internacional em Portugal | Direitos Humanos | 8 a 16 de Dezembro


Durante o próximo mês de Dezembro, 24 jovens europeus provenientes de 11 países irão reunir-se em Cascais para discutir a problemática dos Direitos Humanos no curso internacional "Human Rights: Defining, Empowering, Acting"!

Vamos estar reunidos na Fundação O Século para que, sob o mote da Educação para os Direitos Humanos, possamos discutir os desafios sentidos por todo o mundo (com ênfase na Europa) relativamente à temática.

O grupo que estará em trabalho esta semana é constituido por trabalhadores de juventude e voluntários ativos em organizações não governamentais, e irá analisar as diferentes abordagens culturais do conceito de Direitos Humanos, assim como os principais desafios e constrangimentos que se apresentam na atualidade relativamente à temática.

Com uma abordagem baseada nos princípios da Educação Não-Formal, queremos dar voz à opinião de jovens conscientes do mundo em mudança que enfrentam, e a novas soluções que prometam futuras parcerias e redes de trabalho de promoção e defesa dos Direitos Humanos junto da sociedade civil.

Esta é uma iniciativa da Associação Juvenil Rota Jovem, financiada pelo Programa Erasmus + da Comissão Europeia.

Fica atent@ a todas as novidades no site oficial do curso: http://rotajovemhumanrights.weebly.com/



quarta-feira, outubro 29, 2014

Regresso da Inês a Portugal! - SVE na Lituânia


Lembras-te da Inês?  O seu projeto na Lituânia está a terminar mas para todos os efeitos, continua a deixar marca!:"Estou quase a terminar o projeto, mas estou ainda a fazer coisas importantes. Envio as fotografias com o resultado da minha exposição e a explicação da mesma. Estas fotografias são em Kaisiadorys, mas esta semana já fui a Vilnius e na quarta-feira vou fazer em Kaunas. Na sexta-feira já vou estar em Portugal :)"

Interactive Exhibition "Playing with Art



When we think about an Art Exhibition, we imagine paintings, photos or sculptures with the warning "Don't touch!”. However, this idea has been changing. The Contemporary Art brought new ways to get closer to the public and to pass the intended message.

The exhibition "Playing with Art" has the goal to show in a simple way how the public can participate and get involved with Art.  

This exposition was done for a specific group of disabled people to create a relaxing and funny environment, transforming the work arts into games. The first public sample was in the Social Center of Kaisiadorys, 14th October 2014.  Indeed, we could experience a healthy environment with satisfaction and joy.


Entering in the room it was possible to see a river full of colorful fishes, birds around, butterflies, and paintings. In the first moment, people were a bit reticent of getting closer but when it was explained that there were games hidden, the enthusiasm was general. They could search fishes in the middle of the river; there was also the possibility of fishing them. They even discovered that with the birds around they could make sounds.

Over the river following a rout of print steps they found a cat sleeping, unfortunately there were mice near annoying. The solution was to take the ball of whole of the cat and to play bowling to scare the mice. Each person had to put down the maximum number of mice.

Finally there were paintings with lost pieces that they had to associate to the place in the paintings.

This interactivity with the exhibition promoted relaxation, entertainment; it stimulated not only the vision, but the tact, the earing, the balance, the concentration, the curiosity, the sense of discovery and it brought more motivation to learn and to do the different games."

terça-feira, outubro 28, 2014

Visita a Bruxelas - Grupo Multiplicador de Opinião

Daqui a uns dias rumamos a...Bruxelas!

Após um processo de candidatura (no qual fomos aceites), a saga de encontrar alojamento para um grupo gigante perto do centro e dos voos destas pessoas todas, estamos prontos, de malas arrumadas e preparados para a descoberta!

Somos 35 mentes preparadinhas para absorver todo o conhecimento que pudermos, com energia, vontade de descobrir a estrutura europeia pela ponta dos dedos, de rever as memórias da história deste projeto comum e analisar como nos posicionados na atualidade.

Prometemos voltar inspirados, com energia, vontade de descobrir novas formas de intervir localmente e de trazer o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e as suas estruturas ao
nosso cantinho português. Vamos ser ainda mais interculturais em Cascais!!



segunda-feira, outubro 27, 2014

Buon giorno Júlia! - As primeiras impressões do SVE em Itália!

Boa tarde!

Chegou-nos mais um telegrama em versão postal eletrónico de mais uma portuguesa perdida pelas descobertas do Serviço Voluntário Europeu. Desta vez foi a Júlia, que está em Itália!:
"Após quase um mês em Itália não podia estar mais contente com a escolha do projeto.
 Fizeram de tudo para que me sentisse em casa e de tudo para perceber o meu “italiano”. Todos os dias aprendo algo de novo com eles e são eles que têm (MUITA) paciência para mim.
Desde que cheguei já participei em 1001 coisas ateliers de pintura e de costura, aulas de informática e culinária, hidroginástica, até da edição do jornal da Associação (tive direito a aparecer e tudo!). Fizeram questão de fazer uma bela visita guiada por Udine, tive a oportunidade de participar na mostra de Arteterapia dos utentes até cheguei a ver preguiças e tucanos por aqui!
Não podia ter escolhido um projeto melhor, em que todos são tão simpáticos e acolhedores como as pessoas da Insieme Si Puo."

Se também gostavas de ter aventura internacional, descobre as vagas disponíveis no nosso microsite SVE ou acompanha os restantes testemunhos através das tags 2014 e SVE na barra lateral do blog ;)
 

sábado, outubro 18, 2014

Testemunho: ETS Promo na Roménia! :D - O registo do Henrique



 O Henrique teve recentemente a sua experiência com a Rota Jovem recentemente num curso internacional sobre desporto na Roménia. Ele e a Rita fizeram as bagagens e partiram à descoberta em Outubro. Queres saber como correu? Salta para a linha de baixo:

"O meu nome é Henrique Fiadeiro, tenho 22 anos, vivo em Lisboa.
Sou licenciado em Ciências do Desporto e não poderia deixar de começar por agradecer à Rota Jovem a oportunidade que me deu em participar neste interessante training course. 

Entre 6 e 12 de Outubro eu e a Rita Baptista tivemos a possibilidade de estar com um grupo de pessoas oriundas de 11 países diferentes no meio da beleza natural das montanhas de Maguri-Racatau, perto de Cluj Napoca, na Roménia. 




 Começando pelo local do training e pela hospedagem, dificilmente esta poderia ser melhor! Estávamos num paraíso em termos de recursos e beleza natural, fora da cidade, poluição ou barulho. A vegetação era fantástica, havia diversos animais, céu bem estrelado à noite e instalações super confortáveis. Não poderia deixar de referir que toda a nossa alimentação desses dias foi confecionada com recurso aos alimentos que aquela montanha fornecia. Resultado final? Óptimas e diversificadas refeições. 

No que diz respeito ao conteúdo e organização do training o feedback é muito positivo, a aprendizagem foi mútua e constante entre participantes e trainers, e espero sinceramente repetir a experiência e aplicar a aprendizagem e competências adquiridas no meu futuro profissional.

Para finalizar, não poderia deixar de elogiar o grupo, que manteve uma interacção constante, era de fácil relacionamento e capaz de manter um equilíbrio entre a aprendizagem e a boa disposição.
Assim me despeço de todos,

Até  breve, Henrique Fiadeiro"


terça-feira, setembro 30, 2014

Elena: "Culture should be an important part of our lives to extend our perspectives"



Ten months of an intercultural EVS experience in a new country is the perfect way to better learn to express yourself culturally. Elena, a great lover of cinema and literature, has taken advantage of her stay in Portugal to gain a new perspective about how different  kinds of artistic products are made in different European countries and regions.

- Where does your interest in literature and cinema come from?
Since I was a kid I have always loved reading and I have always read a lot. I think that reading is the easiest way to travel to other places, to let your imagination fly and to put yourself in other people’s shoes. It is also a perfect way to dream and to think about things that maybe you wouldn’t normally think about, and it happens the same way with the cinema. My interest in cinema increased when I began my studies in Audiovisual Communication because I started to be steeped in stories, to analyse them and to understand them from a different perspective. I also got to know new films and authors and, therefore, started to appreciate what a good story means. For me it is amazing when someone is able to tell you a story (with words, images or music, it doesn’t matter) that can touch you , let you think or simply entertain you if it is in a smart way. For me, when you find a good story, coherent and well built, the main objective of making a film or writing a book is achieved, and it is magic. I really believe that culture should be a very important part of our lives in order to extend our perspectives about the world we live in.

- We can talk about a new generation of authors, some of them quite young. Do you think that there are prejudices about their work's quality and maturity?
I think that youngsters are supposed to prove always their talent and their values with more effort because they don’t have experience and that happens in any field, not only in the cultural sphere. In that sense, of course there are prejudices, because they are not given enough space to show what they are able to do and to offer to the world. And I also think that it is a big mistake to assume that someone experienced is always doing quality things and that a promising author is not going to be in the same league. Experience is always an important plus, but there are some directors like Almodóvar who, in my opinion, are making worse works in terms of content now than when they were younger, maybe because they are a sure bet for the industry and they don’t have to show anything else. And this is also a prejudice in the other sense: there is no space for people with fresher ideas just because the industry and the public assume that the work of consolidated authors is better.

- Do you think that their contribution to the actual literary and cinematographic panorama is meaningful? Is it recognized by the critics and the public?
Since the critics have access to the circuit where different things can be found, they can watch and read works that will hardly arrive to the general public, and it is a shame because we are missing very good films and books.  So maybe new authors are not meaningful enough just because of the way the industry is built. Only independent publishing houses and production companies put their attention in new authors and ideas. I think that more courage is needed in order to show new works, the industry is very conservative and they stick to what they know that works because some part of the public doesn’t have any kind of critical sense and they only consume trash. But it is also true that there are more and more people interested in discovering different things. We can see it in the good turnout in cinema festivals or book fairs, where those other exceptional works can be found. There are also new channels of expression and distribution and new authors have to use them to find their place. The future is always depending on young people and all the efforts should be devoted there, new authors should have good opportunities and proper conditions to create and diffuse their creations. And it is also fundamental to inculcate in the new generations the taste to choose quality instead of quantity in their cultural consumption to avoid stagnation in the creative field and in terms of education.

- Can you see any difference between Portugal and Spain in terms of the way how is recognized the youngsters' artistic production?
Youngsters are trying to make their way in both countries and I have the impression that in Portugal it is easier for them because the country is smaller and because I think that there is a new generation of people very well prepared and with an excellent taste that maybe doesn't exist in Spain. I don't know so deeply the conditions in Portugal, but in Spain everything is more closed and there is not much space for new things and fresh air in the traditional channels.

- How is the literary market working in Spain? How important is it in the international sphere?
Literary market in Spain is experimenting deterioration because of the crisis. The internal market is decreasing in terms of sales and benefits but the exportations are increasing a lot, especially to America. And Spain is the eighth biggest editorial power in the world, which is quite good. But talking in terms of literature in Spanish, I think that Latin American productions are much more recognized internationality than the Spanish ones. In terms of authors, Latin America has a lot of very well known outstanding writers around the world like Mario Benedetti, Mario Vargas-Llosa, Gabriel García Márquez or Isabel Allende, and this is something than we don’t have in Spain, so maybe we need to work harder on it.

- What are the different independent cinematographic productions showing us about Europe?
Cinema is made from stories and if we are talking about independent movies we are also talking about more worldly, personal and intimate stories than in a big commercial production.  The worries or emotions that a specific author shows in their films or the way to show them can be easily shared with the people living in the same country, it can exist a closer identification with the film. From this point of view, I think that every national cinematographic production in Europe can show us the way of living and thinking in each country, even if sometimes they can also fall into the stereotypes or exaggerations. Obviously, Spain is not exactly as Almodóvar is showing it in his films, but there is something in his way to tell stories that represents us somehow. French cinematographic industry, for instance, is very representative in this sense. Cinema is very powerful in France and it has a lot of support from the public because it is a way to adopt an attitude and present themselves to the world and they can feel the films as their own films; the whole concept of “French cinema” is something made in a French way that represents them as a nation  and they are proud of it. And, of course, films also have a great support from the institutions because they acknowledge the value and influence of having a powerful culture industry.

- Can the different kinds of artistic productions contribute to build an European identity?
Absolutely. In Europe, where lots of different cultures come together with their different cultural displays reflecting their own identities, the creation and diffusion of those works can be also an important element of cohesion and approach. I believe in culture as a way of reaffirmation of the own identity and if we can also see through a film, a book or a song that despite of the evident differences in another European country people have the same worries or thoughts that we have, we can immediately feel some connection. I think that culture means everything for the development of a society and European Union should continue promoting and supporting it decisively.

- And talking about culture, what book, film and song would you recommend?
A book: Primavera con una esquina rota, by Mario Benedetti.
A film: The Hours, by Stephen Daldry.
A song: Santa Maria da Feira, de Devendra Banhart.