Descobri o SVE mesmo no limite
da idade de fazê-lo, mas foi das descobertas mais incríveis. Na altura
precisava de experiência com idosos para estar mais (e melhor) preparada para
começar o meu projecto pessoal em Portugal de prestação de serviços a idosos. Além
de querer ganhar experiência, queria perceber se havia outras formas de o
fazer, nada melhor que ir fora do país para descobrir, e ali estava a
oportunidade mais completa de todas.
Tinha
estado em Itália à 10 anos atrás (a fazer Erasmus no último ano da
licenciatura), por isso quando vi que era uma oportunidade de trabalhar com
idosos e em Itália decidi de imediato candidatar-me. O italiano não estava tão
esquecido como pensei. Depois de aterrar percebi que as palavras iam
regressando aos poucos. Tendo essa vantagem, e estando pronta para começar,
acabei por aceitar começar a trabalhar logo no segundo dia após a chegada.
Foram
9 meses incríveis! Toda aquela zona envolvente a Forlì, Bolonha, Ravenna,
Rimini é linda, come-se muito bem e as pessoas são super acolhedoras e
simpáticas. Fiquei surpresa com todas as condições (muito boas!) que
nos eram proporcionadas, do apartamento às ajudas com a língua e a alimentação.
Mas,
mais importante que isso, percebi que tinha algumas ideias erradas e que eram
alguns dos principais impasses para o começo do meu projecto pessoal. A maior
delas? Apesar de eu, e a minha companheira de negócio, acharmos que havia uma
forma viável de começar, eu não me sentia muito à vontade com a ideia, porque
teria que cuidar de idosos em situações de maior dependência de forma muito
directa. Não me agradava porque sempre achei que ia sentir-me destroçada por
vê-los assim, não ia conseguir ser-lhes útil por não conseguir acompanhá-los,
cuidar deles. Achava mesmo que perto deles só ia ter vontade de chorar
pela situação em que estavam, por ter pena, ainda que soubesse que trabalhar
com idosos era algo que me preenchia.
Tive
que fazer mais de 2200 quilómetros para descobrir que não era nada assim, muito
pelo contrário! O que descobri? Não sinto pena. Não sinto vontade de chorar.
Não me sinto destroçada. Qual o meu primeiro instinto perto de um idoso doente?
Ser-lhe verdadeiramente útil! Sinto vontade de ajudar, de cuidar. Nunca pensei
sentir-me tão à vontade, e capaz, perto de idosos com maior dependência, sem
memória e já sem a maior parte da consciência de si, dos outros e do seu mundo
anterior.
A
grande mudança depois deste projecto não foi apenas a minha perspectiva sobre o
trabalho com idosos, mas a maior consciência de mim em relação a eles. Já tinha
o meu projecto, já tinha a ideia de que gostava de trabalhar com idosos. Pensei
que ia a Itália para ficar segura disso, ou descobrir que afinal não era bem
assim. No entanto, foi muito mais que isso… bem mais!
Voltei
a Itália para descobrir a minha vocação!
Bom
SVE a todos! Sim!!! Não penses duas vezes. FAZ!!!
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