Toda boa história começa
com um “Era uma vez...” e esta é uma dessas boas histórias que
fala duma rapariga que decidiu ir explorar o mundo sozinha. Uma
rapariga que ainda com medo do desconhecido pegou na sua mala e que
com poucas roupas e muitas emoções foi viver para outro continente
para descobrir e viver novas experiências.
Essa rapariga, sim, sou eu, a Pierina, e agora, alguns meses após essa decisão, tenho a sorte de ter vivido momentos incríveis. Agora sinto que vivi em Portugal o tempo suficiente como para dizer que voltando para o Perú estarei a deixar cá a minha casa e a minha segunda família. Desde o mesmo momento em que entrei no avião para Portugal o SVE já estava a fazer mudanças em mim e durante estes meses aprendi a ser mais paciente e a adaptar-me às diferentes situações e realidades em cada um dos país que percorri e, especialmente, aprendi a colocar a lógica à frente dos meus nervos para encontrar soluções e desenrascar-me. O facto de eu ter perdido um dos voos que me trouxe a Portugal fez com que tivesse melhorado (e muito) as minhas habilidades de comunicação em língua estrangeira e até na língua universal de gestos e sinais.
Com o passar do tempo acabei por sentir-me uma pessoa melhor, capaz de enfrentar melhor diferentes situações, aprendendo a aprender e a falar cada vez um pouco melhor o Português. Já consegui falar em nível básico mas de forma muito confiante e asertiva, cantar em nível intermédio e, acima de tudo, perceber tudo, tudo, tudo! Lentamente consegui que as minhas ideias e os meus pensamentos estivessem melhor comunicados em diferentes contextos, sem medo, sem limites e sem barreiras. Também até já consegui comunicar sem palavras com pessoas que não falavam Inglês e tem corrido muito bem!
Gostei (e ainda gosto) de tudo: do meu quarto, do meu bairro em São João do Estoril, dos meus novos amigos, do meu trabalho, do percurso de comboio com vista para o mar, do som do vento, das pequenas conversas com estranhos nas minhas viagens dentro e fora de Portugal, das pessoas amigáveis. Nunca antes teria pensado que puidesse gostar tanto de estar sozinha e aprendi também a desfrutar mais do meu próprio tempo.
Durante estes cinco meses de aventura tive a oportunidade de conhecer realidades diametralmente opostas à minha, países cujas realidades eu conhecia apenas através do telejornal. Aqui tenho ajudado e participado em actividades nas que conheci pessoas incríveis, que me serviram para saber apreciar o trabalho em equipa e para valorar o diálogo. Momentos óptimos para ganhar mais confiança e poder lidar melhor com a comunicação em Inglês, para ser mais criativa em actividades que conseguiram abrir-me a mente e o espírito.
Acontece que nem sempre nos encontramos com belos momentos. Pode ser que tenhamos medo e que não nos atrevamos a dar um primeiro passo, mas ainda com a incerteza de como é que um projecto de SVE vai correr eu faria-o sem pensar duas vezes para tirar proveito da grande oportunidade que ele significa. E porque, afinal, todos estamos feitos das histórias que vivimos.
"No final, não importa quantas respirações
uma pessoa toma, mas quantos momentos tem de tirar o fôlego"
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