Curso Internacional na Hungria
Nos primeiros dias de Março a notícia surgiu: um
bracarense (António) e uma sintrense (Catarina) partiriam dentro de um mês para
a Hungria para participar num intercâmbio sobre inclusão social e gestão de
conflitos – o “Out of the box”! Além de Portugal, estariam representados outros
países europeus: Ucrânia, Bielorrússia, Itália, Hungria, Croácia, Bulgária,
Geórgia e Arménia, num total de 22 participantes.
A chegada a Budapeste foi atribulada. Além do céu nublado
e do frio, tivemos o contratempo de saber que a mala da Catarina ficara em
Lisboa. Mas português que é português desenrasca-se e isso não nos impediu de
conhecer Budapeste! Instalados num hostel bem central, aproveitámos a vida
nocturna e as ruas de Budapeste antes de partirmos para Galyatető, nas montanhas.
Aproximadamente 2 horas de viagem e Budapeste ficara lá
em baixo e lá longe, tapada pelas montanhas e por uma suave, mas sempre
presente, camada de nevoeiro. Intermitentemente, os participantes dos 8 países
foram chegando a Galyatető e travando conhecimento
uns com os outros.
Nos primeiros dias trabalhou-se o grupo. A orientação, a
cargo dos 3 “trainers” húngaros e da nossa Joana, portuguesa, foi
irrepreensível e valiosa. Nos primeiros dias de curso, realizaram-se
actividades para que nos conhecessemos melhor, desenvolvessemos a confiança
entre nós e nos aproximássemos do conceito de equipa.
Durante o curso foram abordadas diferentes temáticas
através de uma aprendizagem experimental, por meio de palestras e dinâmicas de
grupo no exterior. Introduziram-nos os modelos e a dinâmica do conflito, o
poder da vulnerabilidade, a contagiante comunicação não-violenta, entre outros
temas… a capacidade de partilha e de dedicação dos participantes foi
fundamental para que a aprendizagem fosse tão produtiva quanto se revelou.
Finalmente chega o primeiro dia do maior desafio do
curso. Fomos incumbidos de preparar um fim de semana de actividades para um
grupo de 22 pessoas provenientes de uma instituição que acolhe pessoas
invisuais, pessoas com deficiências mentais e as respectivas famílias… sendo
que nenhum deles falava inglês. Após o choque inicial, assumimos a nossa
responsabilidade e lançámo-nos ao trabalho. Apesar de parecer caótico o
funcionamento de 22 pessoas em simultâneo para um mesmo projecto, foi
surpreendente como acabámos por nos organizar tão bem e superar algumas
dificuldades com que nos deparámos pelo caminho da preparação do projecto.
A manhã estava gelada e reinava um clima de expectativa,
mas rapidamente o desconhecido se tornou conhecido. Fizeram-se jogos com sons,
músicas, cordas e movimentos. Contaram-se histórias e partilharam-se culturas,
experiências e conhecimentos. Terminámos o dia à volta da fogueira, com muita
música, paz, e um ritual georgiano, no qual todos confiámos um desejo ao fogo.
Todas as supostas barreiras tinham desaparecido e
comunicava-se com sorrisos, gestos, toques, interjeições e claro, com a ajuda
das participantes húngaras, que se esforçavam por mediar a comunicação sempre
que necessário.
A manhã seguinte estava reservada para actividades ao ar
livre. Tudo foi uma aprendizagem, mas foi a cooperação entre todos, incluindo
os nossos convidados, o ingrediente principal que permitiu um fim-de-semana
agradável, com muitos desafios, mas nenhum problema. Na hora da partida do
autocarro da instituição, havia um sentimento de empatia e realização no ar, e
até mesmo alguma tristeza.
É fácil para mim separar o antes e depois deste
projecto. Tudo mudou. Ganhei novas perspectivas e apercebi-me de realidades
diferentes. Experienciei emoções novas e conheci pessoas marcantes. Sinto que
este projecto provocou um motim no meu pensamento e que novas ideias colidem
agora com aquelas que levava comigo à partida. Espero dar continuidade a este
processo e poder um dia vir a transmitir aos outros aquilo que me foi
transmitido a mim. - António
Conheci pessoas inspiradoras a falar sobre assuntos
fascinantes, no ambiente ideal. Foi uma experiência marcante no meu percurso de
vida! - Catarina
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