Olá pessoal arrotante! Hoje trazemos uma entrevista! Rita Sacramento Monteiro, mestre
em Ciências da Comunicação fez voluntariado durante 20 dias num Centro de Acolhimento
a Refugiados, na Sicília, em Itália. Depois dessa experiência, a Rita conta-nos
como foi.
1. Como
surgiu esta ideia e o que te motivou a seres voluntária num centro de
Refugiados?
Há uns meses atrás, quando começaram a surgir cada vez mais notícias sobre
o que se estava a passar no Mediterrâneo, soube de um campo de trabalho de apoio
aos refugiados em Ragusa, na Sicília. Este campo é uma iniciativa das
Comunidades de Vida Cristã (CVX) da Europa, às quais eu pertenço e que estão
ligadas aos Jesuítas, e está a ser desenvolvido em parceria com a Fundação San
Giovanni Battista que é responsável por 7 centros de acolhimento aos migrantes
que chegam a Itália pelo Mediterrâneo. Senti que era uma oportunidade de fazer
mais por uma causa que me tinha interpelado. As imagens de homens, mulheres e
crianças a arriscarem a vida no mar para chegarem à Europa estavam cravadas no
meu coração e na minha cabeça. Queria conhecer estas pessoas, queria ver de
perto com os meus olhos e com o meu coração. Queria poder ajudar.
2. Que
tipo de actividades desenvolveram no Centro de Refugiados?
O Centro onde
estive a trabalhar como voluntária chama-se Canicarao, e é um centro onde vivem
cerca de 40 homens (africanos e bengaleses) que aguardam para fazer o pedido
formal de asilo, bem como a resposta a esse pedido. O objetivo destes centros
é a recepção integrada, ou seja, depois do acolhimento de emergência nos portos
onde chegam, o mais importante é preparar estas pessoas para a inclusão e para
os próximos passos. Ajudá-las com os processos legais, mas ainda,
proporcionar-lhes formação em língua e cultura italiana, bem como atividades
culturais e educativas, e tudo aquilo que possa contribuir para que enfrentem
melhor a nova realidade.
Durante o
tempo em que estivemos no centro ajudámos com as aulas de italiano,
participámos nos jogos de futebol, jogámos muito ping pong, e ainda propusemos
novas atividades como aulas de inglês, um laboratório de construção e
pinturas, e um laboratório cultural. Mas sobretudo, conversámos muito com estes
homens sobre a vida, o futuro, o amor, as nossas famílias e a nossa terra.
3. O que
mais te marcou nesta experiência? O que sentiste ao participar nesta
iniciativa?
Tantas coisas
me marcaram!... Aliás, sabia que dificilmente viria igual desta experiência.
Sinto que o meu coração expandiu e nele cabem agora de maneira ainda mais
próxima todos estes homens, mulheres e crianças que conheci.
Marcou-me
muito perceber as camadas de sofrimento associadas à viagem e à vida destes
homens. Abalou-me ouvir contado por eles aquilo que se passa na Líbia, e
perceber as marcas interiores e exteriores daquilo que atentou contra a
dignidade deles. Fiquei a pensar nos desequilíbrios, nas injustiças, no
desrespeito pelos Direitos Humanos, tão flagrantes ainda hoje e tão reais em
grande parte do mundo.
Além-fronteiras,
além culturas, além idades, além línguas, tive a certeza que ansiamos todos pelo
mesmo: amar e ser amados. É preciso lembrarmo-nos disso para não perdermos a
nossa humanidade.
4. Consideras
importante o voluntariado? Porquê?
Há muitos anos
que sou voluntária "cá dentro", na minha comunidade e em movimentos e
projetos que me interpelam. Sou escuteira e o serviço ao próximo faz parte dos
valores do nosso Movimento. Aprendi e cresci sempre com todas as experiências
de voluntariado, de serviço aos outros. Porquê? Porque com o outro aprendemos
mais sobre a vida, sobre o mundo, sobre nós. Descobri coisas para as quais
tenho jeito e que me fazem feliz. E descobri que somos todos diferentes, mas
que há um sentido muito forte na partilha e no trabalho em conjunto. Aliás,
estou convencida que é o único sentido. Sermos voluntários, onde e como quer
que seja, é estarmos abertos e disponíveis para o que nos rodeia. É sermos
cidadãos comprometidos.
5. Que
mensagem queres deixar aos nossos leitores que querem ter uma experiência deste
género?
Que
arrisquem conhecer o outro. Que arrisquem dar a mão a quem precisa, sorrir a
quem passa por nós. A começar nas nossas comunidades. Que não se resignem, nem
fiquem pelo que é fácil e confortável. E depois que sonhem! Sonhem muito com novas
formas de fazer mais e melhor. E finalmente, que arregacem as mangas e
trabalhem a sério por um mundo de pessoas felizes, de pessoas dignas, de
pessoas em paz.
Muito obrigada à Rita por partilhar a sua experiência!
Saudações arrotantes!!
@ arrotante do momento!:
@ arrotante do momento!:
Chama-se Isaura, mas todos a tratam por Isa. Muito curiosa, sonhadora e calma…é o que dizem! É apaixonada por livros, bibliotecas, séries de tv, viagens e por voluntariado. Qualquer dia escreve um livro e planta um árvore! Acredita no amor e na justiça. Cada dia é uma nova oportunidade para aproveitar a vida ao máximo e conhecer o mundo! |
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