Lembro-me do momento de chegar a casa, sim,
porque essa é a primeira palavra que aparece na minha cabeça: casa.
No início não
era mais do que um lugar desconhecido mas as coisas mudam e nós próprios
mudamos. Chegar e pensar que poderia desfrutar de ter um quarto próprio, sem
ter que partilhá-lo com ninguém, com o temor de não conseguir integrar-me bem,
de não saber o que estava à minha espera nesse lugar nem a quem iria encontrar
nem o tipo de atividades que iria realizar.
Para ser honesta imaginava estar todos
os dias sentada num auditorio, com alguém a dar uma conferência num inglês
perfeito, a toda velocidade, e eu a estresar para seguir o ritmo, sem muita
motivação.
Felizmente, a formação à chegada foi todo o
contrario. Desfrutei de cada dia enquanto aprendia coisas novas, enquanto
aprendia a confiar naquelas pessoas que me resultavam estranhas, a não ser
tão
fechada e a permitir-me ver esses corações tão bonitos. Aprender e descobrir que
mesmo se somos de lugares completamente afastados somos tão parecidos como
diferentes ao mesmo tempo. Estamos unidos pelos mesmos bons sentimentos e pelos
desejos de termos um mundo melhor, de percorrer outros lugares e de continuar à
procura de novas experiências, de dar o nosso melhor e de receber um bocado de
felicidade nas suas distintas formas: uma simples palavra, um sorriso, uma
lição ou uma linda amizade. Cada pessoa está à espera de encontrar-se à vontade
e percebemos que a felicidade não chega apenas no que já conhecemos, mas no que
ainda conseguimos descobrir. Não partilhamos apenas as coisas boas, mas também
os medos e as preocupações, ajudando-nos mutuamente.
Aprendi que não existe impedimento nenhum para
irmos à procura de coisas novas, que é bom termos medos porque eles nos fazem
sentir mais orgulhosos quando conseguimos vence-los, que eles nos fazem sempre
encontrar uma mão amiga e nos empurram a querer ser melhores.
O voluntariado é muito mais do que uma decisão,
é a porta a uma nova etapa da tua vida, a uma nova e melhor versão de ti
próprio. Mais do que uma decisão é um descobrimento, é um empurrão, um despertar,
um fortalecimento e todo um crescimento global que faz com que uma pessoa
brilhe mais e com que os anos passem e tenha valido a pena ter vivido algo
diferente, ter aprendido de outras pessoas, das suas culturas de dos seus
países. Ter aprendido que somos capazes de afrontar as dificuldades porque a
língua não é um impedimento e mesmo se pode ser difícil devemos só encontrar
formas, caminhos.
Alguém escreveu uma vez que caminhando em
linha recta não se pode chegar muito longe e eu acho ademais que se desfruta
muito mais das amizades que se entrelaçam com cada novo passo que damos.
Agora tenho um coração maior (e internacional),
uma visão mais clara, uma mente mais forte e sábia, só com o pouco que já vivi.
Ainda tenho mais para descobrir, tudo está em atrever-se e começar com um
“porquê não?”.
Pierina Vargas, Voluntária SVE do Perú na Rota Jovem
Erasmus + - Global Recognition project
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