terça-feira, dezembro 15, 2015

World Wide Village - uma experiência SVE no Chipre



A Soraya, a Ana e a Cristiana estiveram durante um mês no Chipre a realizarem um SVE de curta duração. Foi sem dúvida uma experiência incrível para elas, que para além de ficarem a conhecer um novo país e cultura, aprenderam bastante e puderam contribuir para a pequena localidade onde estiveram. A Soraya deixa-nos o seu testemunho: 


"Chipre e os seus encantos.

Servem estas modestas linhas para narrar a forma como uma pequena ilha e as suas grandes pessoas envolveram os meus dias durante um mês.

O projecto World Wide Village já não era novidade. Desta vez foi a aldeia de Agia Varvara (perto de Nicósia) que recebeu 12 voluntários, enviados de 4 países distintos (Eslovénia, Espanha, Itália e Portugal) com a missão de criar um mapa que assinalasse os locais de importância histórica, arqueológica e cultural que tornavam a aldeia riquíssima, mas muitas vezes passavam despercebidos aos olhos mais distraídos ou já acostumados por de mais (experiência essencial para nos recordar que às vezes os locais mais belos do nosso quotidiano nos passam ao lado exatamente por se tornarem rotina).

Com o mapa é também necessária a de criação de placas informativas - que assinalem os locais - e setas que ao longo das estradas encaminhem os mais curiosos. Com a necessidade de narrar um pouco mais da história de cada um destes locais criou-se também um handbook, onde hoje é possível encontrar toda a informação reunida após o trabalho de pesquisa dos voluntaries em conjunto com a comunidade.

Em termos práticos é fácil narrar a nossa experiência de voluntariado com estas linhas, mas a verdade é que ela envolveu tanto mais.

Desde logo a criação das placas e das setas indicadoras fizeram com que tivéssemos que recolher paletes pela aldeia e aprender a trabalha-las de raiz: tirar-lhes os pregos, corta-las, lixa-las e passa-las à fase do “embelezamento” em que eram pintadas e envernizadas para por fim poderem ser colocadas nos seus respetivos locais.

Como na maior parte dos SVE, este também nos deu espaço suficiente para através da iniciativa do grupo se criarem outras atividades, das quais tenho o gosto de destacar a festa de Halloween, que reuniu miúdos e graúdos e para além de panquecas, sangria e atividades como o facepaiting para os mais novos foi recheada de sorrisos.

Sorrisos que não eram de estranhar. Devo confessar que Agia Varvara nos faz pessoas “muito mal habituadas”. Não houve um dia que nos faltassem vegetais ou azeite na mesa. A bondade das pessoas que preenchiam o nosso dia-a-dia era alucinante. E não era restrita ao espaço desta aldeia.

O povo Cipriota possui uma harmonia indescritível. Onde quer que me dirigisse, sentia-me em casa.

Um mês passado e de volta a Portugal, há muita coisa que vale a pena ficar registada. Tanta que é difícil escolher.

Ficam as memórias das novas técnicas aprendidas, da recolha de frutas e azeitonas, das receitas e cozinhados tradicionais e das vivências tão intensas que já se têm refletido no meu dia-a-dia.

A verdade é que todos os dias devemos dar valor às experiências e às pessoas que nos rodeiam, mas este SVE, principalmente por ter sido de curta duração, foi vivido com uma intensidade indescritível. Não só a nível das “experiências exteriores”, mas também como capacitador para me fazer interpretar muitas coisas a nível da minha pequena “caixa pensante”, ou do geralmente apelidado, crescimento pessoal.

A hora da despedida é sempre agridoce, mas não há nada melhor que após o regresso sorrir a todas as memórias que ficam e nos marcam a pele.

A todos aqueles que contribuíram para que esta experiência fosse possível e a todos aqueles que me regaram os dias, tanto queria dizer, mas para as grandes emoções, faltam sempre as palavras. Fiquemo-nos por um enorme obrigada."


segunda-feira, novembro 30, 2015

Da maior favela do Mundo para o In Rot@tion!

 A Marta ficou inspirada pelo Rotas Pelo Mundo e quis partilhar a sua experiência sobre o projeto no qual está a participar no Quénia. Acompanhem-na no Kibera With Love para terem mais notícias!
 
 
"Sabem aquela sensação que no fundo todos temos que é mudar o Mundo ? Eu sempre senti isso, sempre tive esse impulso e hoje em dia é maravilhoso todos os dias ao acordar aperceber-me que isso realmente está a acontecer. Sim eu posso gritar todos os dias que estou a mudar a vida de mais de 100 pessoas.

Em 2012 vim para o Quénia sozinha, para Kibera aquela que é considerada a maior favela do Mundo, fazer voluntariado. Depois de alguma pesquisa não sabia bem o que me esperava e muito menos como iria dar aulas e brincar com crianças entre os 3 e os 6 anos com meu terrível inglês. A verdade é que quando eu vim para o Quénia a primeira vez não dizia grande coisa em inglês...mas o mais engraçado foi ver que aquelas crianças ainda diziam menos do que eu. Falavam em swahili que hoje é um idioma que domino o suficiente para sobreviver todos os dias em Kibera, onde vivo.

A verdade é que depois de regressar a Portugal após 3 meses aqui a minha vida deu uma volta de 180º e passou a ser tudo em função do From Kibera With Love, projecto que decidi criar de forma a prestar mais ajuda a estas crianças e às suas famílias. Este nestes 3 anos cresceu imenso, às vezes nem eu própria tenho noção de como cresceu e sinceramente não sei explicar muito bem como. Olhando para trás e entre ameaças de morte, vários problemas e obstáculos, relembro a cara satisfeita e ao mesmo tempo assustada das 16 crianças que coloquei no 1º ano em 2013... hoje em dia essas 16 crianças têm a companhia dos irmãos, dos primos, dos vizinhos, dos amigos e têm acesso a educação de nível, cuidados médicos, alimentação, actividades extra curriculares (informática, dança, arte, ginástica). Hoje em dia o projecto apoia 65 crianças e jovens, temos até já um jovem na universidade. Apoiamos também os pais das crianças na criação e gestão de negócios para que eles possam dar algum suporte em casa aos filhos e possam colocar comida na mesa ao final do dia. Também damos mais e melhores condições de vida a estas famílias, compramos camas e colchões para que deixem de dormir no chão, mesas para que possam fazer os trabalhos de casa e jantar em família e muito mais.

Estas crianças antes do From Kibera With Love entrar nas suas vidas não tinham a infância que qualquer criança merece ter, não sabiam brincar, não sorriam, não demonstravam os seus sentimentos e tudo isso mudou desde que começaram experienciar coisas fora de Kibera, desde ir ao cinema, comprar roupa que gostam, brincar num parque infantil, visitar museus e parques nacionais. A participação diária no nosso ATL e nas actividades extra curriculares que promovemos também são fundamentais para o seu desenvolvimento, é nelas que descobrimos talentos e que abordamos temas bem como onde desenvolvemos capacidades não abordadas na escola.

Mas nada disto seria possível sem a ajudar de milhares de pessoas que acreditam e confiam no meu trabalho. Sem a ajuda dos doadores, dos voluntários em Portugal e no Quénia (porque cá também já recebo voluntários para me ajudarem) esta mudança não tinha acontecido na vida destas pessoas.

OBRIGADA a todos aqueles que ao longo destes 3 anos ajudaram o From Kibera With Love a crescer e que continuam a apoiar o nosso trabalho."

sexta-feira, novembro 20, 2015

“Inside Outside” – Invasão criativa ao palácio Marquês de Pombal em Oeiras

Entre as paredes e caminhos do edifício que outrora foi a residência oficial da figura icónica do século XVIII em Portugal, o Marquês de Pombal, encontra-se quase 3 dezenas de intervenções, esculturas, vídeos e ruídos.

A presença de tais esculturas não estão por aqui ao acaso, como não é de esperar por quem ali circula entre os jardins e salas do palácio. São o resultado de 1 ano letivo de muita refleção, pesquisa intensiva, projeção, colaborações, frustrações, reconstruções e uma infinita lista de fazeres que são parte de um projeto de cariz artístico ou cultural. Este projeto desta vez ficou nas mãos dos alunos da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa do curso de Escultura, que aceitaram o desafio de trabalhar este espaço com uma grande riqueza histórica mas ao contrário de outros palácios, depararam-se com um espaço despojado de qualquer objeto. Era apenas paredes, escadarias, tetos, janelas e chão. E uma vastidão de jardins!

Como qualquer projeto, existe sempre um ponto de referência para dar início aos trabalhos, e o vazio foi essa referência que se encontra naquele espaço e a sua carga histórica (no século XVIII reinava a época do barroco e do rococó que é a antítese do vazio, aliás é conhecido como os estilos artísticos do “horror ao vazio”).

A partir de várias visitas ao espaço, de recolhas de factos históricos, pesquisas acerca dos habitantes do palácio, política e vivências da época, desenhos, apreciação da arquitetura, reuniram-se as condições para começar a projetar objetos e as sua maquetes para dar forma às nossas ideias e intenções. Enganem-se se acham que os artistas têm epifanias, de facto elas surgem mas rapidamente 1 ideia transforma-se em 1000 variações para que no final seja escolhida “A Ideal”. Por trás dessa possibilidade existe registos no espaço, testes de material, resoluções de problemáticas tanto ao nível conceptual como ao nível material, maquetes e maquetes das maquetes.

No encerrar do processo surge então a Escultura e uma exposição com um fluxo de linguagens e confrontos de informação unidas pelo espaço no entanto distintas pela sua formalidade, registo e conceito.

O espectador também conta neste processo que é visitar e olhar para todas estas presenças e encarar como estas o envolvem. E usufruir pois claro!

Têm a oportunidade de visita-la até dia 29 de Novembro. (Mais informação no evento do Facebook)


Inês Vasquez 

@ arrotante do momento!:
INÊS Entre a Arte e o Zen existe a Inês, uma criativa que se define ser uma sinergia explosiva contrastada com uma paz de alma. O resultado é uma constante curiosidade pelo mundo, montes de sorrisos para quem por ela passa e uma caixinha de surpresas.
Apesar de tudo acredita... ela é um ser da terra e não da lua.

terça-feira, novembro 17, 2015

Albuquerque continua a dar cartas: aventura SVE do Marco por Espanha!



A minha semana na Formação de Chegada, foi uma viagem quase por toda a Europa sem sair do mesmo sitio, foi conhecer o que é ser voluntário com um grande grupo que caminha com o mesmo objetivo de ajudar.
Uma semana cheia de tantas coisas, de tantos sentires partilhados por todos.

Posso dizer, que voltei com muita coisa diferente em mim, visões, ideias, mais de mil coisas!

Se já estava antes motivado para estar no meu SVE aqui em Alburquerque, agora estou a mais de 100% com vontade de viver o meu SVE em grande prazer.

Esta semana ajudou-me tanto, para organizar ideias, como me sentir mais útil dentro desta aventura que estou a viver feliz.

Conheci pessoas que foram mesmo muito importantes para mim conhecer, a sua visão em relação ao mundo e as suas motivações conquistaram-me.

Aprendi mesmo tanto!

Sei que podem aparecer algumas dificuldades como tudo na vida, é normal, mas depois de tudo o que aprendi, sinto-me pronto para ultrapassar tudo isso sempre com um sorriso na minha cara.

A todos muito obrigado, e fica a promessa de nos vermos brevemente.



quinta-feira, novembro 12, 2015

Um SVE pela Geórgia em imagens!



SVE – Ana, Marta, João e Diogo na Geórgia (25/09/2015 a 25/10/2015)


A primeira selfie do grupo por terras georgianas enquadrada na visita ao parque em Rustavi que conhecemos logo no primeiro dia (27/09/2015 – domingo)!

Depois, começámos as aulas de georgiano e na terça à noite organizámos a noite cultural para apresentarmos o nosso país. Preparámos como entrada chouriço assado, prato principal o bacalhau à brás e como sobremesa o famoso arroz doce com canela por cima.

Dia 1 de Outubro (quinta feira) fomos fazer vindima numa típica casa de uma família georgiana, onde nos ofereceram Lobiani (pão com feijão vermelho no meio) e deram-nos a provar vinho tinto caseiro. Foram muito simpáticos e receberam-nos a todos de braços abertos :)

Dia 2 de Outubro (sexta feira) conhecemos o Aleks e recebemos a apresentação sobre o Youthpass e sobre o programa Erasmus +. 

Nos dias seguintes visitámos David Gareja com o nosso coordenador e professor Achiko (Archi para os amigos), que era um sítio lindíssimo, difícil de se chegar mas que compensou pela imensidão deste deserto e pela história do mosteiro. Fomos também visitar a capital, Tbilisi, andámos pelo centro e subimos um vale por um funicular onde lá em cima havia uma feira popular.

Dia 5 de Outubro (segunda) foi dia de preparação para a primeira atividade com as crianças e dia 6 (terça) fizemos na praça central (Meria) de Rustavi (velho) a primeira atividade que foram Jogos de Rua. Continuámos a explorar nos próximos dias atividades com crianças e com crianças de famílias carenciadas.

Dia 9 (sexta) foi a preparação para dia 10 de Outubro (sábado) - Dia da Cidade de Rustavi - onde tivemos de cozinhar 2 comidas típicas de Portugal. A ementa foi a bifana no pão com molho de mostarda, os famosos pastéis de nata que correram bem e foram um verdadeiro sucesso e fizemos ainda sangria de vinho tinto e vinho branco com vinhos georgianos.

Nos intermeios, tivemos free time que aproveitámos para descansar e continuámos com as aulas de georgiano.

Dia 13 (terça) foi-nos dito que não poderíamos ir para Pona Eco Village porque estava mau tempo e muito frio e era complicado acamparmos nestas condições. A solução que encontrámos foi pelo menos irmos lá para visitar Pona e um pouco das cidades à volta para ficarmos assim a conhecer mais a Geórgia.

Dia 14 (quarta) era feriado e por isso fomos visitar uma cidade perto de Tbilisi porque estava em celebrações, Mtskheta. A Lorie, que é francesa, veio conosco.

Dias 15 e 16 visitámos Pona Eco Village e Uplistsikhe, e dia 17 de Outubro o João e o Diogo juntamente com outros voluntários foram visitar Tbilisi porque eram as celebrações da cidade. Dia 18 (domingo) o João e o Diogo foram visitar Kazbegi (a Ana estava doente e a Marta ficou em casa com ela).

Tivemos free time no resto da semana e aproveitámos para visitar mais partes da cidade de Tbilisi. Visitámos o Museu da Geórgia e vimos a longa-metragem “Call me Mariana” no Festival Cinedoc 2015. Foi também durante esta semana que fizemos o nosso Youthpass e tivemos uma reunião de avaliação com a associação GYE onde respondemos individualmente a perguntas num formulário e enviamos para o Aleks.

Dia 24 (sábado) fizemos uma actividade com crianças, o Portugal Evening onde organizámos um quiz sobre Portugal e fizemos o tradicional jogo português da Malha.

Dia 25 (domingo e ultimo dia na Geórgia) tivemos o nosso jantar de despedida com os nossos mentores e coordenadores do projeto. E fizemos uma festa na associação com o resto dos voluntários!


 

terça-feira, novembro 03, 2015

Primeiras impressões do SVE do Marco em Espanha!

"Bem, tanta coisa que já fiz por aqui:

Alburquerque, embora seja uma vila pequena, tem muita coisa para fazer e para conhecer.  É uma zona muito histórica, onde envolve muito Portugal, está muito perto da fronteira.

Aqui em Alburquerque é vivido muito o desporto e a arte. Tem a casa da cultura, onde se tem 1000 coisas para fazer (teatro, biblioteca, aulas de idiomas, classes de informática, etc.).

Alburquerque tem um bom pavilhão desportivo disponível para a população com vários tipos de desportos. Também tem um campo de relvado, porque como em Portugal, o futebol também é o desporto dominante daqui. Uma pista de atletismo muito bonita, algo que me chama muito atenção, é a grande importância dada ao desporto com incapacitados, tanto é dado, que o campeão espanhol é daqui.

Já fiz tanta coisa, e ainda estou aqui um mês, e nem metade cheguei a fazer. É sem dúvida o sítio muito bom para conhecer, em termos de tudo mesmo!

Prometo escrever mais sobre a minha aventura em Alburquerque! Obrigado pela oportunidade!

Espero que esteja tudo bem por aí! :)

Até breve"

sexta-feira, outubro 16, 2015

Tartarugas ao mar! O SVE da Susana continua!

A Susana continua o seu projeto SVE e traz-nos o testemunho de um mês super intenso! Lê o seu testemunho em baixo:

"O 5º mês foi um mix de descanso de projeto e cansaço de férias. Na primeira semana chegou o João, o amigo português que veio visitar Creta enganado pelos amigos polacos com quem vive. Aparentemente, o Jóão (como os voluntários lhe chamavam) veio enganado. Caiu de páraquedas. Decidiu ficar acampado no mesmo parque que nós, mas um pouco distante do local onde estávamos (isto porque não nos é permitido trazer amigos para dentro do acampamento). Lá tentámos visitar os pontos mais interessantes da ilha, alugando um carro e trazendo alguns dos voluntários que tinham os dias de folga connosco.

Dividimos o tempo entre visitar locais e festas de despedida. Foi complicado ver colegas a ir embora tão perto do fim do projeto, principalmente por serem bons colegas, uma boa equipa. "No goodbyes. See you soon." Nas conversas de grupo e mesmo privadas muitos diziam o mesmo "It is ok to go home, it's the end of the project and there's so many people going away as well. I'm not sad. It's done."  E a verdade é mesmo essa. Na semana seguinte fui eu.

Portugal aqui vamos nós: foi a confusão. Em 9h de ferry sentada no sofá da sala de convívio, acabei por fechar os olhos de tanto cansaço que tinha, e em 5 minutos tinha o empregado de mesa a resmungar comigo, dizendo que não era permitido dormir ali antes das 11h. Fazer o quê? Lá tive de ver o jogo de basket. 6 horas depois chegava a Lisboa. Ver amigos, jantar com amigos e chegar a casa e ver os pais foi do melhor. Basicamente nada mudou. Continua tudo no sitio, com as mesmas lojas abertas/fechadas, os mesmo bares, as mesmas pessoas na rua. Tudo igual. Quem mudou acho que fui eu. Dormir no quarto não fez grande diferença (ainda) mas dormir na cama foi algo que ainda não me habituei. Quatro dias depois regressava a Rethymno.


Terceira semana: já era vista por todos como a semana dos últimos turnos. As últimas monitorizações, os últimos ninhos, as últimas public awareness, os últimos dias de descanso, a última semana de kitty (sim como a vinda do João e a ida para Portugal decidi voltar ao sistema kitty da alimentação, pois fazia diferença ter de comprar tudo de novo). 

As monitorizações já não eram o que foram. Tínhamos cerca de 5 ninhos por sector. Por vezes caminhávamos cerca de 30 minutos ao longo da praia, até vermos o primeiro ninho e outros tantos até vermos a outra equipa. As escavações foram sendo efetuadas uma por dia, tendo bons resultados e menos bons resultados, de tal forma que numa das vezes a escavação feita por mim e assistida por Clem teve 33 tartarugas vivas que conseguiram chegar ao mar cheias de energia. 

As Information tables foram praticamente o fracasso: poucas informações dadas, fruto de poucos turistas. Safou-nos os pequenos-almoços e jantares à borla que os hotéis proporcionavam aos voluntários durante aqueles dias. Digamos que "enchemos a mula". No que toca à comida, a coisa foram diferente: os recursos eram poucos, logo tínhamos de ser criativos. Calhou a mim e à Mel a criatividade e saiu cozinha luso-francesa. Puré de batata e abóbora, a acompanhar feijão com alho e sumo de laranja, couve salteada com ameixas e finalmente salada grega. Bah, uma mistela de sabores que nem nós sabíamos se ia resultar (o melhor de tudo é que resultou!: malta de barriga cheia e cozinheiras contentes). 

Fora o normal, tivemos a manutenção das cages que pomos sobre os ninhos - basicamente é pintar novamente, nada de especial. Dia de folga, lá fomos a Matala novamente e Kournas Lake.

Finalmente chegou a última semana. Tivemos sorte com a meteorologia e não choveu, pelo que a maior parte do pessoal não tirou os dias de folga. Deu para conciliar os momentos de trabalho com o relax do campismo, a limpeza e o empacotar, com criação de filmes e danças, o acordar cedo com as ultimas idas para a balada. Mas, claro que há sempre coisas que ninguém entende, como o desaparecimento de um dos telemóveis das morning survey que levou a líder a exaltar-se e chegar mesmo a gritar com todos os voluntários, ou como o buzinar matinal às 9h para nos fazer levantar no último dia quando teríamos de estar a pé apenas às 9h30. Enfim, são os últimos dias e não nos quisemos aborrecer com coisas inexplicáveis. Lá fizemos o último quiosque, o último White Palace de noite, o último Creta Star de manhã e a última escavação pública. Confesso que não estava muito contente por ter de fazê-la, mas no fim até que foi engraçado por duas razões: uma menina de 6 anos perguntou-me "Excuse me can I ask why are these people here?" e ao explicar-lhe desatou a correr para chamar a amiga; e o sucesso do ninho com 114 ovos bem sucedidos, 3 mortos e 5 tartarugas vivas para a alegria dos turistas.

No fim, nem tive tempo para comprar lembranças. Foi empacotar tudo e lá nos sentámos nos sofás da "sala de convívio" pela última vez. Últimas fotos e partimos para Souda onde apanhámos o ferry em direção a Porto de Piraeus. Os resistentes da equipa seria eu, Boris e Tim, para além das líderes. Passámos a noite a jogar às cartas até que adormecemos os três no chão alcatifado da recepção do ferry. Por volta das 6h da manhã, atracámos no porto e caiu uma carga d'água. Que seca! Pensei eu, levem-me de volta. Chegámos ao Rescue Centre e tivemos de esperar cerca de 1h para que alguém abrisse a porta, aparentemente ninguém que estava a trabalhar lá sabia a que horas iríamos chegar. Decidimos os três tomar o pequeno-almoço e pela 1h da tarde ir a Atenas deixar Tim no hostel. Somente eu iria ficar no Rescue Centre. Explorámos um pouco a cidade e regressámos antes da carga de água que colocou Atenas que nem Veneza, um rio cinzento e lamacento. Ao que parece, a cidade não foi feita para a chuva. 

 Ontem foi o dia de folga para mim e dia de partida de Boris. Pela manhã, despedia-me dele e pela tarde explorava a arte urbana com Tim e Flo (uma voluntária francesa do RC). No final da tarde lá foi o "see you soon" de Tim. Enfim, cá estou eu; a última da família por mais 4 semanas. Para já, são dias de férias mas é já amanhã que ponho mãos ao trabalho."



quinta-feira, outubro 08, 2015

Entrevista - Rita Sacramento Monteiro - Voluntária num Centro de Acolhimento de Refugiados


Olá pessoal arrotante! Hoje trazemos uma entrevista! Rita Sacramento Monteiro, mestre em Ciências da Comunicação fez voluntariado durante 20 dias num Centro de Acolhimento a Refugiados, na Sicília, em Itália. Depois dessa experiência, a Rita conta-nos como foi.

1. Como surgiu esta ideia e o que te motivou a seres voluntária num centro de Refugiados?
Há uns meses atrás, quando começaram a surgir cada vez mais notícias sobre o que se estava a passar no Mediterrâneo, soube de um campo de trabalho de apoio aos refugiados em Ragusa, na Sicília. Este campo é uma iniciativa das Comunidades de Vida Cristã (CVX) da Europa, às quais eu pertenço e que estão ligadas aos Jesuítas, e está a ser desenvolvido em parceria com a Fundação San Giovanni Battista que é responsável por 7 centros de acolhimento aos migrantes que chegam a Itália pelo Mediterrâneo. Senti que era uma oportunidade de fazer mais por uma causa que me tinha interpelado. As imagens de homens, mulheres e crianças a arriscarem a vida no mar para chegarem à Europa estavam cravadas no meu coração e na minha cabeça. Queria conhecer estas pessoas, queria ver de perto com os meus olhos e com o meu coração. Queria poder ajudar.

2. Que tipo de actividades desenvolveram no Centro de Refugiados?
O Centro onde estive a trabalhar como voluntária chama-se Canicarao, e é um centro onde vivem cerca de 40 homens (africanos e bengaleses) que aguardam para fazer o pedido formal de asilo, bem como a resposta a esse pedido. O objetivo destes centros é a recepção integrada, ou seja, depois do acolhimento de emergência nos portos onde chegam, o mais importante é preparar estas pessoas para a inclusão e para os próximos passos. Ajudá-las com os processos legais, mas ainda, proporcionar-lhes formação em língua e cultura italiana, bem como atividades culturais e educativas, e tudo aquilo que possa contribuir para que enfrentem melhor a nova realidade.
Durante o tempo em que estivemos no centro ajudámos com as aulas de italiano, participámos nos jogos de futebol, jogámos muito ping pong, e ainda propusemos novas atividades como aulas de inglês, um laboratório de construção e pinturas, e um laboratório cultural. Mas sobretudo, conversámos muito com estes homens sobre a vida, o futuro, o amor, as nossas famílias e a nossa terra.

3. O que mais te marcou nesta experiência? O que sentiste ao participar nesta iniciativa?
Tantas coisas me marcaram!... Aliás, sabia que dificilmente viria igual desta experiência. Sinto que o meu coração expandiu e nele cabem agora de maneira ainda mais próxima todos estes homens, mulheres e crianças que conheci.
Marcou-me muito perceber as camadas de sofrimento associadas à viagem e à vida destes homens. Abalou-me ouvir contado por eles aquilo que se passa na Líbia, e perceber as marcas interiores e exteriores daquilo que atentou contra a dignidade deles. Fiquei a pensar nos desequilíbrios, nas injustiças, no desrespeito pelos Direitos Humanos, tão flagrantes ainda hoje e tão reais em grande parte do mundo.
Além-fronteiras, além culturas, além idades, além línguas, tive a certeza que ansiamos todos pelo mesmo: amar e ser amados. É preciso lembrarmo-nos disso para não perdermos a nossa humanidade.

4. Consideras importante o voluntariado? Porquê?
Há muitos anos que sou voluntária "cá dentro", na minha comunidade e em movimentos e projetos que me interpelam. Sou escuteira e o serviço ao próximo faz parte dos valores do nosso Movimento. Aprendi e cresci sempre com todas as experiências de voluntariado, de serviço aos outros. Porquê? Porque com o outro aprendemos mais sobre a vida, sobre o mundo, sobre nós. Descobri coisas para as quais tenho jeito e que me fazem feliz. E descobri que somos todos diferentes, mas que há um sentido muito forte na partilha e no trabalho em conjunto. Aliás, estou convencida que é o único sentido. Sermos voluntários, onde e como quer que seja, é estarmos abertos e disponíveis para o que nos rodeia. É sermos cidadãos comprometidos.

5. Que mensagem queres deixar aos nossos leitores que querem ter uma experiência deste género?
Que arrisquem conhecer o outro. Que arrisquem dar a mão a quem precisa, sorrir a quem passa por nós. A começar nas nossas comunidades. Que não se resignem, nem fiquem pelo que é fácil e confortável. E depois que sonhem! Sonhem muito com novas formas de fazer mais e melhor. E finalmente, que arregacem as mangas e trabalhem a sério por um mundo de pessoas felizes, de pessoas dignas, de pessoas em paz.







Muito obrigada à Rita por partilhar a sua experiência!

Saudações arrotantes!!

@ arrotante do momento!:




Chama-se Isaura, mas todos a tratam por Isa. Muito curiosa, sonhadora e calma…é o que dizem! É apaixonada por livros, bibliotecas, séries de tv, viagens e por voluntariado. Qualquer dia escreve um livro e planta um árvore! Acredita no amor e na justiça. Cada dia é uma nova oportunidade para aproveitar a vida ao máximo e conhecer o mundo!

segunda-feira, outubro 05, 2015

SVE na Geórgia: Os primeiros assobios georgianos do grupo português mais divertido de sempre!



O João, a Marta, o Diogo e a Ana rumaram para um mês de voluntariado internacional na Geórgia, no âmbito do Serviço Voluntário Europeu. Já ambientados, estão a preparar-se para os próximos desafios do projeto e deixam-te o primeiro testemunho!

                                            À esquerda: João e Marta. À direita: Diogo e Ana
 
Depois da reunião de preparação, voámos até à Geórgia para iniciar um novo projeto de voluntariado de curta duração (1mês) em Rustavi. 

A primeira impressão à chegada foi no geral a de um país pobre com edifícios bastante degradados onde as regras não são respeitadas, nomeadamente as regras de trânsito (como nós ocidentais as conhecemos). 

De facto, é impossível não notar as diferenças culturais com a capital portuguesa. Contudo, acabámos por sentir rapidamente uma ligação com a cultura, as pessoas e os ambientes por onde passámos.

O primeiro dia foi de reconhecimento do local onde estaremos a  morar durante o próximo mês. Conhecemos a casa, a cidade e os nossos co-moradores de curta data – um grupo de estonianos também eles a fazer um projeto de curta duração. Cansados, mas entusiasmados, ainda tivemos energia para à noite visitar a capital georgiana – Tiblisi -  com os nossos mentores de projeto. Se em Rustavi foi visível uma “falta de manutenção” de alguns edifícios e espaços públicos – ambientes escuros e de aparente abandono – em Tbilisi encontrámos luz: muita vida, atividade, animação; assemelhando-se a outras cidades europeias. 

No segundo dia, depois de algumas horas de sono e ainda a ambientar-nos tivemos uma “welcome party” (que ao mesmo tempo foi uma festa de despedida aos voluntários estonianos que iriam deixar a Geórgia nos próximos dias) com um tradicional barbecue georgiano e com a companhia dos membros da nossa associação de acolhimento. 

Depois do jantar, o coordenador  do SVE de curta duração levou-nos a um dos pontos mais altos da zona de Rustavi, onde estivemos algumas horas a conversar sobre a história de Rustavi e as vivências em pessoa dos tempos de guerra.

Com o início da semana começaram também as aulas de Georgiano! O sentimento de escola primária em cada palavra mal pronunciada deu-nos ainda mais estímulo para aprender esta língua. O nosso professor, Achiko, a primeira pessoa que conhecemos em terras georgianas foi sempre muito prestável connosco: paciência, simpatia e persistência. 

Durante esta semana tivemos também formações todos os dias sobre SVE, Erasmus+, Youthpass e tivemos o feedback da organização do que realmente eles necessitam e que iremos fazer neste próximo mês.

Dia 29 de Setembro os voluntários e membros da Georgian Youth for Europe (GYE) foram presenteados com uma noite única: A noite intercultural portuguesa. Com uma típica refeição portuguesa (Chouriço assado em pão georgiano, Bacalhau à Brás e o típico Arroz Doce) e animação como só Portugal pode dar, foi uma noite aclamada por todos. Foram divulgados vídeos promocionais de Portugal assim como artistas, danças, costumes e tradições.


Dois dias depois, como programado, fomos convidados a entrar numa típica casa georgiana e participar na colheita de uvas da família. Todos os anos esta vindima é feita por voluntários da GYE e este não foi exceção. Depois de duas horas de vindima conhecemos o real significado de “tamada” (toast master). Com um lobiani (pão georgiano recheado com uma pasta de feijão) e o vinho da última colheita, foram vários os brindes, direcionados sobretudo às famílias, aos voluntários, à Geórgia e a Deus. A festa continuou ao jantar, onde fomos ofertados com um banquete tipicamente georgiano. O “toast master” mudou mas o ambiente de fraternidade entre culturas manteve-se.


O fim de semana começou com um jantar intercultural em nossa casa, contando com a presença de alguns voluntários. No sábado, o Archiko levou-nos a David Gareja – um mosteiro nas montanhas que dividem a Geórgia do Azerbaijão. Explorámos a área, vimos frescos nas montanhas  e visitámos o mosteiro. No caminho de volta passámos por um lago divido em dois: metade Georgia metade Azerbaijão. No regresso tivemos a oportunidade de passar numa aldeia habitada maioritariamente por Azerbaijões e vacas. 


 Domingo decidimos ir visitar Tiblisi. Subimos ao ponto mais alto de Tiblisi (de funicular) onde pudemos ter uma vista panorâmica desta cidade. Neste ponto, havia também um parque de diversões onde pudemos vivenciar uma experiência de cinema em 7D, uma casa do terror que pouco terror tinha e uma montanha russa (para a Ana pela primeira vez) que era maior do que aparentava.  
A descida foi feita de autocarro num caminho onde tivemos oportunidade de ver um outro lado de Tiblisi – não tanto turístico ou desenvolvido. No regresso a casa, com muita chuva na cara, ao pedir indicações, conhecemos um embaixador do Qatar que nos levou no seu BMW (todo quitado) até à paragem de autocarros e fez questão de nos colocar no marshrutka certo.
Na próxima semana mais uma actualização. Se nós quisermos. Portem-se. Peace out.

Diogo Lourenço / Marta Gonçalves / João Pereira / Ana Dias