It’s logical for
everybody that the life in a city and the life in a very small place is different.
From a cultural point of view or from the behaviour of the people that you
are going to meet.
We met each other in Lisboa before starting our adventure. We are Rocio and Simon; he is from Paris, and she´s from a smaller city in the south of Spain, Huelva. We are two European volunteers who spent 7 months in a village of Baixo Alentejo. We were asked to describe our experience in this place… so here we go.
To understand our new way of life, first, it´s very important to know the place where we were:
Baixo Alentejo
is the biggest region of Portugal, but at the same time, is the less populated.
By consequence, the place is in majority composed by small villages, and the
capital, Beja count around 15.000 people. The economy of B.A is principally
based on agricultural works. The region has a great production of wine, olive,
wheat and cortiça.
Our village was located in the south of BA, and has a population around 1300 people.
Our village was located in the south of BA, and has a population around 1300 people.
Since the
beginning, we knew that our new life in the village would not be easy and that
was going to be difficult to “habituar-nos”, but we didn’t know what the
destiny had for us.
We couldn’t imagine how different our lives would be after our first weeks of EVS living in Lisboa, and even enjoying that time for to introduce us to the Portuguese culture and society, this had nothing to do with the new environment where we were going to be from December… yes, the life of two foreigners in a Portuguese village in BA.
We couldn’t imagine how different our lives would be after our first weeks of EVS living in Lisboa, and even enjoying that time for to introduce us to the Portuguese culture and society, this had nothing to do with the new environment where we were going to be from December… yes, the life of two foreigners in a Portuguese village in BA.
ROCÍO
A primeira coisa que tens que ter em conta, o que tens que fazer antes de embarcar-te numa aventura como a nossa (ou pelo menos se queres tentar entender a vida numa aldeia alentejana) é esqueceres-te rapidamente da pressa, do stress e dos horários estabelecidos… ou de qualquer outra coisa relacionada, porque não são compatíveis com a vida e com o funcionamento quotidiano neste tipo de sítios. Quando chegámos lá, logo vimos isso.
A primeira coisa que tens que ter em conta, o que tens que fazer antes de embarcar-te numa aventura como a nossa (ou pelo menos se queres tentar entender a vida numa aldeia alentejana) é esqueceres-te rapidamente da pressa, do stress e dos horários estabelecidos… ou de qualquer outra coisa relacionada, porque não são compatíveis com a vida e com o funcionamento quotidiano neste tipo de sítios. Quando chegámos lá, logo vimos isso.
Quando chegámos ao nosso novo lar e a primeira coisa que o nosso coordenador nos disse foi: “cá no Alentejo as coisas requerem de tempo, então têm que ter paciência, aqui tudo é leeeento”; e claro, nos primeiros dias na aldeia ainda não tínhamos casa e tivemos que ficar na casa do nosso coordenador até que a nossa estivesse pronta.
Há uma coisa que ressalta na aldeia, um sentimento, e é que eles estão muito orgulhosos de ser do Alentejo. Têm orgulho do trabalho no campo e da “simplicidade” e humildade das suas vidas e claro, do cante alentejano. Este sentimento inclusive leva muitos a decidir não abandonar a aldeia, falamos de pessoas jovens que ainda sabendo que aí as oportunidades de emprego e de desenvolvimento não são muito altas, ficam por prazer na sua aldeia.
Às vezes a vida tão calma e tranquila foi difícil para nós … o estilo de vida da aldeia não era o nosso, a nossa forma de pensar e de viver era muito diferente. Na aldeia a maioria da população era idosa, e isso pelo geral significa não só vida mais tradicional, se não também mentes mais tradicionais e infelizmente, também mais machistas.
Parecia que tínhamos retrocedido no tempo alguns anos para atrás… enquanto os bares e cafés (muito numerosos para ser um sitio tão pequeno) estavam cheios de homens, a presença de mulheres era mais escassa e limitava-se só a um café, situado no centro, no largo da aldeia que era como um ponto de reunião. As mulheres costumavam mais ficar sentadas nos bancos da aldeia ou reunidas, separadas dos homens.
Isto significa que muitas vezes pelas noites, a única rapariga que estava dentro dum bar a beber um café era eu… coisa que achávamos engraçado. Durante os primeiros meses, para as pessoas da aldeia, nós dois éramos um casal. Este facto fez-nos ver a mentalidade da população local, que não conseguia compreender que um homem e uma mulher possam viver juntos, saiar juntos e ter uma boa relação, não significando que sejam um casal. Demoraram um pouco a compreender isso.
Tivemos muitas situações marcadas pelo machismo, e em muitas delas tive que “morder a minha língua”. Entendíamos que é normal esse tipo de circunstâncias numa aldeia e com gente mais velha, mas a verdade é que os mais novos também partilhavam esse tipo de pensamentos e concordavam com as ideias de género mas estereotipadas que podem existir. Por isso muitas vezes tivemos que lutar para que as meninas e meninos tivessem mais opções, e não só pintar princesinhas e florezinhas ou carros e homens-aranhas. E sobre este tema, algo que teve muito impacto em mim foi a incrível hipersexualizaçao das crianças. Apesar de ser um meio rural e pequeno, onde podes imaginar que é difícil que isto aconteça, acontece e encontras crianças de 6 anos com comportamentos de adolescentes e meninas de 9 anos com sapatos de salto alto. Também achámos que havía um problema de falta de educação sexual na zona, porque vimos meninas que eram mães só com 15 anos e soubemos de outras mulheres que tinham sido mães com essas idades também.
Num meio pequeno e onde toda a gente se conhece, não só acontece que toda a gente sabe sobre a tua vida, mas também há muita solidariedade entre os vizinhos. As pessoas ajudam-se umas às outras, se precisas de algo podes pedir a tua vizinha, ela de certeza que tentará ajudar-te com um sorriso, e se estás doente eles vão-se preocupar ….
Inclusive com a malta mais jovem também notámos diferença entre viver no meio urbano e rural. Tivemos a “sorte” de chegar ao Alentejo no ano que o Cante Alentejano foi declarado Património da Humanidade, e já no primeiro fim-de-semana fomos apresentados aos concertos de cante alentejano (ainda não sabíamos que isso era só o principio), actividade partilhada não só por jovens, se não por todos: idosos, crianças, mulheres, homens etc.
Inclusive com a malta mais jovem também notámos diferença entre viver no meio urbano e rural. Tivemos a “sorte” de chegar ao Alentejo no ano que o Cante Alentejano foi declarado Património da Humanidade, e já no primeiro fim-de-semana fomos apresentados aos concertos de cante alentejano (ainda não sabíamos que isso era só o principio), actividade partilhada não só por jovens, se não por todos: idosos, crianças, mulheres, homens etc.
Em breve vimos também que não “cabíamos” nas atividades (sobretudo noturnas) preferidas da juventude da aldeia, marcadas pela quizomba e o cante alentejano.
We can resume the activities like this :
¬ For the guys, football practice or one other sport.
¬ Moto and other stuff like this one.
¬ Fishing and Hunting
¬ Nature excursion)
And the main important : Cante alentejano
For
girls, the activities were less various. Not a lot of perspective:
except the cante alentejano, (separated from boys) they didn’t do lot of
stuff like play a sport… but they had a dance group.
Of course, people just joined each other to drink something or to make party in the nights.The place of the church was the life of the village and couldn't be neglected. For the most aged people the church is very important. Spiritually of course but even for the practice (for exemple go to the mass). If you compare with youth people, the situation changes. In fact, the young declare themselves more religious than they really are. It means that it’s more by respect and by intellectual attachment that they manifest their own religious expression. It’s more rare to see them go to the church at the mass or this kind of stuff.
But
conversely lot of them wear religious signs, making publicity of God,
cross oneself during the funerals (all catholic) and participate in
processions.
As we said just before that the most popular part of the village met themselves to drink beer, or do other night stuff.
As we said just before that the most popular part of the village met themselves to drink beer, or do other night stuff.
Here is important to note that the part who
takes part of this group’s life is the same than the one who participate
in the activities cited above. Because we cant deny the integrator role
of the football or the cante alentejano, but the religious events too.
I’m not saying that the people do not like practicing it, but is more
important that the game itself or the fact to sing in a band (and the
subject of the songs of Cante are an evidence of this truth).
By
consequence we assisted to a kind of exclusion of people who don’t want
or cant participate on these meetings. And for example was not rare to
see during the local events one group who took part on the activities
and other youngsters more excluded (and realize that the others did not
share the same tastes as the first ones)… Of course we are not saying
that everybody is supposed to like each other either.
We
can see as a corollary with our own situation. It’s true to admit that
we not shared many of the activities with other youngsters from the
village. I think the fact that we were not very interested by a big part
of the center of interest shared by the main part of young had the
effect to excluded us a little.
Paradoxically we created best relations with the oldest population who were friendlier.
ROCÍO
As coisas que podes fazer numa aldeia e não numa cidade são, pois por exemplo, não fechar a porta com chave e deixar as janelas abertas durante o dia todo e durante a noite, deixar as bicicletas na rua (inclusive por dias), comer na porta da tua casa como se de um restaurante se tratasse: mesas, cadeiras etc. No nosso caso, também pudemos desfrutar das “maravilhas” daquela aldeia, como os 40 e tal graus (à sombra) no verão e o frio no inverno, mas é verdade que a primavera ali é muito agradável, uma temperatura ótima. Podes respirar a natureza e tudo está cheio de cores lindas. Outro aspecto muito fixe de viver numa aldeia é a comida. Alentejo é o paraíso do porco preto, do pão e do vinho… e ainda por cima é barato, barato e muito bom! Comer fora de casa não sai caro.
SIMON
One last point which considerably influent our environment and our experience: the education level.
I don’t want look like a pretentious person but I think that Rocio and me are instructed people. Both of us have a college graduation. But in our village the level was very low. I mean, a big part didn't have the high school graduation. The percentage of people who was in the college is close to zero. We met A lot of young people doing nothing in the life (and I think there was a direct link with the region).
As we already said, the economy of Baixo Alentejo depend in majority of the agriculture. It means that in the closed environment of the village there is not many jobs available, especially in the terciary sector. And being honest, they don’t need to have the a high graduate level to live there.
There are few consequences more or less important. First was little complicated to exchange some ideas and have deep conversation. The political interest for the local politics is really not developing. So they can’t propose some solutions to improve the life quality of the village. I also think they don't have a good way to speak portuguese.
There are few consequences more or less important. First was little complicated to exchange some ideas and have deep conversation. The political interest for the local politics is really not developing. So they can’t propose some solutions to improve the life quality of the village. I also think they don't have a good way to speak portuguese.
In the end, we had a life changing experience we
will not forget so soon. We had to deal with our own values and confront
them with a different reality. But more than differences between our
countries and Portugal, we learn the differences between living in a
small village and a major urbanistic location.
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