O
meu SVE em Cascais
Após
15 horas de voo, um dia “perdido” em Madrid e 8 horas de autocarro cheguei a
Lisboa. Definitivamente, nunca me tinha sentido tão pequenino. Cheio de curiosidade,
algo desorientado e ansioso por conhecer a equipa da Rota Jovem e da Cascais
Jovem, enquanto esperava na estação reflectia seriamente sobre o que me tinha
trazido tão longe de casa. Lembrei-me de uma série de decisões
que tinha tomado uns meses antes: acabar o meu curso na Universidade e tomar um
destino alternativo para crescer profissionalmente é um caminho muito limitado
no meu país, Equador, e o SVE abriu-me as portas a um mundo cheio de
oportunidades e experiências como voluntário.
A
Elena da Rota Jovem veio-me buscar na estação de autocarros para levar-me à
minha última paragem, Monte Estoril, onde agora moro com a dona Emília e a
filha dela. Uma família muito pequena que me recebeu com muita amabilidade e
atenção e com quem eu, com os meus escassos conhecimentos de Português, tentava
comunicar-me sem muitos bons resultados.
Há
mais de dois meses que estou em Portugal e já utilizei este tempo para analisar
o terreno com um grande instinto explorador nesta selva de cimento e de ruas,
supermercados e centros comerciais. Já visitei Lisboa, uma cidade linda e cheia
de arte e cultura, única com as suas sete colinas, com a sua arquitectura, com
as suas igrejas, com os museus, as tascas e os bairros tradicionalmente
portugueses. Tive até a oportunidade de conhecer uma compatriota Equatoriana
nas Festas do Santo António, quando milhares de turistas de todo o mundo se
concentram na cidade!
O
movimento de Lisboa flui sincronizado. Os autocarros, os carros, os comboios e
as pessoas circulam a um ritmo quase perfeito e é possível apreciar o valor do
tempo. O sol vai-se embora só às 9 da noite e isso é novo para mim. As pessoas
são amigáveis e abertas e cumprimentam sempre com um sorriso. O café da manhã e
o do meio-dia são irrecusáveis para os portugueses e são momentos de partilha
entre amigos e de desconexão com o devir quotidiano. Os mercados locais
funcionam dois dias por semana e são a melhor opção para prover-se de frutas e
verduras. Nunca falham na gastronomia portuguesa o bacalhau, a sardinha e outros produtos das costas do Atlântico. Um dos meus grandes desafios é ir às compras
em supermercados onde encontro um sem fim de marcas de um mesmo produto, o que
me faz uma enorme confusão :)
Rota
Jovem e a Câmara Municipal de Cascais têm-me acolhido como parte da sua família
e com eles posso partilhar experiências culturais e laborais. Trabalho em
equipa, colaboração, inclusão e responsabilidade nas actividades logísticas e
na preparação de diferentes projectos são uma parte importante do meu dia a dia.
É bom fazer parte de actividades que servem para impulsar o emprego jovem e
doutras que têm o intuito de promover o intercâmbio cultural, com iniciativas
de voluntários sobre temas como a não discriminação, a igualdade de género ou a
celebração de noites interculturais. A ligação com outros voluntários também é
fundamental para estreitar laços de amizade entre os jovens que participam no
programa SVE e a semana que passei em Guimarães
com mais 21 voluntários de diferentes países europeus foi uma aventura
inesquecível!
Participar
ativamente nestas actividades é uma grande ajuda para desenvolver as minhas
habilidades e para adaptar-me a diferentes ambientes, a diferentes pessoas e
culturas. Espero poder culminar esta viagem cheia de experiências e novos conhecimentos
com mais vontade de continuar a explorar e a ajudar!
António Kaniras, Voluntário SVE do Equador
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